quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"O Mentor"

"O Mentor" de Paul Thomas Anderson: grande expectativa, semi-desilusão.
O filme é todo ele carregado às costas por dois soberbos actores, Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix. E, claro, pela não menos soberba realização e mise-en-scène de Paul T. Anderson. Só que fiquei com a notória sensação de que a história e o ritmo com que é narrada são componentes menos conseguidos do filme.
O argumento emaranha-se em episódios arrastados e até inconsequentes e parece que nunca consegue arrancar para a intensidade que se desejava como é habitual num filme de Anderson. Hoffman compõe um notável personagem, fanático e obsessivo. Phoenix é convincente na alma penada à procura de uma salvação terrena (só não ganha o Óscar de Melhor Actor porque existe um senhor chamado Daniel Day-Lewis). 
Porém, tudo gira demasiado à volta da relação destas duas figuras icónicas e pouco mais de substancial sobra para a memória futura do espectador.
Pelo que apetece perguntar directamente: Paul Thomas Anderson, onde está o grande fôlego e criatividade que revelaste quando fizeste "Magnólia" ou "Haverá Sangue"?

8 comentários:

Francisco Costa disse...

Daniel Day-Lewis é o Messi e Joaquin Phoenix o Ronaldo dos óscares este ano

Sugestão para cinéfilos http://letterboxd.com

Rafael Barbosa disse...

Essa é realmente a pergunta que se impõe, onde raios foi a originalidade que mostrou nesses filmes anteriores. Ambos são realmente bons, mas o Day-Lewis merece a vitória.

Cumprimentos,
Rafael Santos
Memento mori

Marcelo Castro Moraes disse...

Infelizmente, por mais bons que sejam os filmes de Anderson, parece que os membros da academia nunca estão preparados para eles. Só assim para explicar o fato dos seus filmes receberem sempre poucas indicações.

Tiago Vitória disse...

Das poucas vezes que o faço, desta sou obrigado a discordar.

Não penso que o The Master seja uma obra menor. Penso que todos esses "episódios arrastados e inconsequentes" são uma ilustração do indivíduo, uma forma de questionar todos os problemas levantados pelo PTA, não só sobre religião, como sobre o estatuto de identidade pessoal e colectiva. Sendo o indivíduo o cerne de todos os filmes do PTA, daí a rigorosa direção de actores que ele executa.

De certa forma, respeitando escalas e concepções, era aquilo que o César Monteiro fazia na trilogia do João de Deus, excertos e acções aparentemente inconsequentes mas necessárias à caracterização do indivíduo.

Brevemente vou estender a minha opinião na Sombra!

Bom trabalho Victor!

Unknown disse...

Tiago: os leitores não têm sempre de concordar comigo ;)

Tiago Vitória disse...

Victor, como leitor assíduo que sou, a maior parte das tuas opiniões são partilhadas por mim!

sem-se-ver disse...

discordo em absoluto com todo o seu post :)

Morgana Kinski disse...

Se o óscar tivesse ido para o Joaquim, eu ficava igualmente contente. Aliás, já não se via tamanho jovem actor desde o De Niro, que havia sucedido o Brando! Muitas muitas palmas para o Joaquim nesta papel