terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A violência no cinema e na vida real


Como muito bem reflecte este artigo do jornal Público, cada vez que há um massacre de inocentes na "vida real", relança-se o debate sobre os massacres na "vida ficcional" (a propósito do terrível massacre que Adam Lanza perpetrou em Newtown há quatro dias). O que condiciona a própria indústria cinematográfica - como o adiamento das estreias de certos filmes com grande carga de violência (com o último de Quentin Tarantino à cabeça.)
Dito de outro modo: está relançada a eterna questão sobre se a violência na cultura do entretenimento (cinema, televisão, videojogos) influencia a concretização da mesma violência no mundo real. 
O debate rodeia-se de muitas variáveis complexas e mente quem diz que tem uma explicação ou solução concludente. Psicólogos, sociólogos, educadores, teóricos da comunicação têm debatido ardentemente o tema com conclusões, por vezes, contraditórias. Há quem sustente que a violência na cultura pop nada tem a ver com a violência real; há quem defenda que a violência do cinema ou dos videojogos influenciam pessoas psicológica e emocionalmente mais débeis. 
Eu não sou especialista no assunto nem defendo ideias fundamentalistas, mas acredito que o cinema tem o poder de influenciar comportamentos - para o bem e para o mal. Sobretudo, se essas pessoas influenciáveis tiverem um historial de vida de violência (psicológica ou física) e/ou sofrerem de alguma perturbação mental. E há vários casos documentados, como a tentativa de assassinato do presidente Ronald Reagan, em 1981, por John Hinckley: a motivação por detrás do ataque de Hinckley, segundo o próprio, foi uma obsessão doentia pelo filme "Taxi Driver", pela actriz Jodie Foster e por uma forte identificação com a personagem principal, Travis Bickle (Robert De Niro, na imagem). Hinckley, actualmente com 57 anos, está preso numa instituição psiquiátrica. Ou o caso mais recente - e igualmente chocante - de James Eagan Holmes, um jovem doutorando de neurociências que matou 12 pessoas na estreia do filme "Batman - O Cavaleiro das trevas Renasce", afirmando que era o Joker.
Claro que pode ser um erro precipitado reduzir todo este fenómeno de identificação com os ícones da violência cinematográfica a um simples processo de causa e efeito, sem outros condicionalismos por detrás. Assim como pode ser um erro tentar encontrar explicações, levianas e superficiais, para o facto de os EUA serem o país com o mais elevado índice de massacres de inocentes com armas de fogo.
Michael Moore tentou encontrar explicações no documentário "Bowling For Columbine" (2002), mas as explicações encontradas - ou sugeridas - não são ainda concludentes. São apenas pistas. É que não basta evocar o argumento da "cultura da violência" americana (desde os tempos do velho Oeste) e o da facilidade de acesso às armas legais.
Têm que existir explicações mais fundas no seio da sociedade norte-americana, mais difíceis de deslindar à primeira vista para compreender porque é que Adam Lanza (e outros antes dele) chacinaram inocentes num país considerado baluarte da democracia e da liberdade.

2 comentários:

Anónimo disse...

É sem dúvida uma reflexão pertinente. E mesmo eu tendo no meu "top" filmes marcadamente violentos como "Taxi Driver", Pulp Fiction", "The Godfather", etc, sou forçado a concordar que vivemos numa sociedade onde a violência é vendável, nos dessensibiliza e nos faz todos culpados.

Anónimo disse...

não acredito pois a violencia ja esta contida , filmes assim demoram sair a violencia jas a porta