domingo, 14 de agosto de 2011

Música clássica e pop: o diálogo


O livro de Alex Ross (na imagem) "O Resto é Ruído", já comentado neste post, é um manancial fascinante de informação histórica sobre a evolução da música entre 1900 e 2000: um intenso século de fervilhantes revoluções estéticas que se manifestaram em múltiplas e ricas formas de expressão musical. E como o autor refere no Epílogo desta magnífica obra, uma conclusão a tirar deste século musical é a de que os "extremos tocam-se", referindo-se mais especificamente, à ideia geralmente errónea que a música clássica e a música pop são duas linguagens que não devem ou podem encontrar-se. Nada mais falso.

A propósito desta matéria, escreve Alex Ross: "No início do século XXI, o impulso de colocar em oposição a música clássica e a cultura pop já não faz sentido racional ou emocional. Os jovens compositores cresceram com a música pop nos ouvidos e utilizam-na conforme a ocasião o exige ou não. Estão à procura do meio-termo entre a vida da mente e o ruído da rua. Do mesmo modo, algumas das reacções enérgicas à música clássica do século XX e à música contemporânea vieram da arena do pop, vagamente definida. As melodias microtonias dos Sonic Youth, os projectos harmónicos opulentos dos Radiohead, as assinaturas fracturadas e as marcações de tempo com variações rápidas do rock matemático e da música de dança inteligente, os arranjos orquestrais lamentosos que sustentam as canções de Sufjan Stevens e de Joanna Newsom, tudo serve para manter o já longo diálogo entre as tradições clássica e popular."

Nem mais.

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