quarta-feira, 16 de junho de 2010

A arte de colagem de Kutiman


No mundo digital da internet a criatividade pode surgir dos sítios mais inesperados. A cultura da colagem e da montagem de fragmentos sonoros é já uma prática comum no mundo da música electrónica. Mas houve alguém que, pegando neste conceito de “corta-e-cola”, teve uma ideia luminosa (ainda que não seja totalmente original): vasculhar o interminável arquivo de vídeo do Youtube para reconstruir a seu bel-prazer esse mesmo arquivo (o projecto chama-se “ThruYou”).
Ou seja, o artista, que se chama Ophir Kutiel - israelita - é mais conhecido pelo nome artístico Kutiman, remistura pedaços (samples) de vídeos musicais caseiros (desde donas de casa a cantar a crianças a tocar djambés ou músicos amadores) e remonta-os para criar algo de novo, uma música nova. O interessante é que Kutiman explora um duplo trabalho criativo: a montagem de vídeo e a montagem de música, tudo num rigoroso complexo de sincronia entre imagem e som. Kutiman refere que teve esta ideia quando um dia quise acompanhar à guitarra um vídeo de um baterista no Youtube. Depois reconsiderou a ideia e achou que mais original seria procurar um guitarrista no Youtube que encaixasse na tal bateria (e assim sucessivamente).
Daí que a sua máxima seja “What you see is what you ear”. Nem mais. O resultado visual e musical é deveras fantástico e dá para imaginar o trabalho hercúleo de Kutiman para encontrar, no meio de milhões de vídeos do Youtube, os pedaços que devem encaixar uns nos outros, como num puzzle gigantesco. O projecto "TrhuYou" é, pois, um trabalho de pura relojoaria sonora e visual. E para quem quiser saber de onde sacou Kutiman os vídeos originais, no final de cada vídeo, surge a lista “Credits” (às vezes com 20 ou 30 origens diferentes!) com o link do vídeo completo do Youtube de onde o artista retirou o sample.
O site de Kutiman pode ser visto aqui, com mais exemplos de trabalhos da sua autoria. Eis, então, dois exemplos da criatividade de Kutiman:

"ThruYou" é um projecto inspirado, por exemplo, neste pioneiro e fantástico trabalho de Holger Hiller.

Sem comentários: