quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Star Trek e filosofia


É fã irredutível de ficção científica Star Trek e gosta de filosofia (ou sente inquietações existenciais)? Então o curso universitário "Philosophy and Star Trek" é pensado para si (assim como o livro "Philosophy and Star Trek" editado há um ano). Trata-se de um curso da Georgetown University dos Estados Unidos da América. No conteúdo curricular deste curso (se é que podemos chamar-lhe assim) constam premissas de estudo como:
- Is time travel possible?
- Could we go back and kill our grandmothers?
- What is the nature of time?
- Could reality be radically different from what "we" (I?) think?
- What is the relation between a person's mind and his functioning brain--are they separate substances or identical? Can persons survive death?
- Can computers think?
- Is Data a person?
- What is a person? When do we have one person, and when do we have two
- Do people have free will, or are they determined by the laws of nature to do exactly what they wind up doing, while believing they have free will? Or both?
- What is free will?
E para quando um curso "Espaço 1999 e a Filosofia"; "MacGyver e a Filosofia"; "O Padrinho e a Filosofia" ou "Dr. House e a Filosofia"?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Polanski - tomada de posição

O valor do xadrez de Bergman


Afinal, a mesa de xadrez utilizada no filme "O Sétimo Selo" de Ingmar Bergman foi vendida pela módica quantia de 100.000 euros (na imagem, pormenor das peças que foram utilizadas pela Morte e pelo Cavaleiro no filme citado). Foram vendidos 290 do total de 337 objectos pessoais do realizador sueco. No total, as peças leiloadas e vendidas pela casa Bukowski de Estocolmo, renderam 1,7 milhões de euros. A página da internet da leiloeira registou visitas oriundas de 116 países, sendo a maioria dos compradores dos EUA. É caso para dizer que Bergman, mesmo depois de desaparecido, continua a gerar não só paixões cinéfilas como receitas improváveis.

Ele era o Frank


"Não importa quão maravilhoso seja um actor; quando se está a fazer um casting, tem de se escolher a pessoa que casa com aquele papel, que consegue fazer aquele papel. Para o protagonista de 'Veludo Azul' sempre pensei em Dennis Hopper, mas toda a gente dizia: «Não, não podes trabalhar com o Dennis. Ele está mesmo em má forma e só te causará problemas». Mas eu continuei a insistir. Até que um dia, o agente de Dennis telefonou e disse que o Dennis estava sóbrio e já tinha feito outro filme e que eu podia falar com aquele realizador para o confirmar. Depois, o Dennis telefonou e assegurou: «Eu tenho de fazer o papel de Frank, porque eu sou o Frank». Isso entusiasmou-me e assustou-me.

David Lynch, in "Em Busca do Grande Peixe" (Estrela Polar, 2008)

Mafalda

Hoje a personagem Mafalda, de Quino, comemora 45 anos de vida. 45 anos de contestação face a injustiças do mundo dos adultos. Mafalda não é apenas a menina que não gosta de comer sopa. É uma menina que encarna a forte consciência social e política do seu autor, o argentino Quino. A personagem atravessou as décadas da guerra fria, foi uma voz de contestação e irreverência face aos problemas da Argentina e do planeta. E esta visão do mundo pelos olhos de uma criança é apenas um dos ingredientes para o sucesso crítico e popular de Mafalda.
Em adolescente lia muito os álbuns de Quino. Não apenas os da Mafalda, como as muitas bandas desenhadas temáticas, praticamente sem diálogos, que o criador argentino foi criando ao longo dos anos. A banda desenhada de Quino é inteligente, irónica (por vezes cáustica até mais não), filosófica, poética e profundamente atenta aos pequenos pormenores da vida quotidiana. Basta atentar no exemplo em baixo: em dois quadradinhos, está expressa a essência e os paradoxos da vida terrena. Em dois quadradinhos, está o necessário para suscitar um debate sobre o sentido da existência numa aula de filosofia. É apenas um exemplo entre milhares da brilhante BD de Quino.
Parabéns Mafalda.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Elvis para todos os gostos


Estive a ouvir o novo disco de Elvis Perkins (não sou particular admirador, foi só para conhecer). E despertou-me a curiosidade numa coisa: Elvis só há um, o Rei do Rock e mais nenhum. Certo? Até certo ponto, sim. Elvis Presley será sempre "The King". Mas há muitos outros Elvis na constelação musical planetária. Alguns bem conhecidos, outros totalmente obscuros. Não sei se os músicos e bandas que adoptam o nome Elvis pretendem aproveitar-se da visibilidade mediática que o Elvis Presley representa, mas a verdade é que há nomes artísticos "elvisianos" para todos os gostos.
Pesquisando por "Elvis" no portal de música allmusic.com, o resultado revela perto de 50 referências ao nome Elvis. Os Elvis mais conhecidos são: Elvis Costello, Elvis Crespo (da música latina) e agora Elvis Perkins. Depois há nomes artísticos que ostentam Elvis em designações (algumas bem bizarras) como: DJ Elvis, Gay Elvis, Velvet Elvis, The Elvis Diet, Elvis Hitler (!), Elvis Band, Elvis Angel, Elvis The Doo, Lady Elvis, Black Elvis, I Saw Elvis, Elvis Magno, Kjell Elvis, Filthy Elvis, Elvis White, Elvis Eifel, Tiny Elvis, The Red Elvises, Elvis Gestr, entre outras designações criativas.
Não faço ideia que tipo de música farão algumas destas bandas e músicos com nomes "Elvis" (confiando no allmusic, fazem rock, pop, world-music, electrónica, gospel, country, R&B, rap...). Mas pelo nome de algumas bandas temo que a música envergonharia o genuíno e verdadeiro Elvis "The Pelvis" Prelsey!
A lista completa aqui.

Novo Portishead para breve


Uma boa notícia: talvez não tenhamos que esperar 11 anos pelo próximo disco dos Portishead (como esperámos para que fosse editado o álbum "Third", em 2008). A banda de Geoff Barrow e Beth Gibbons declarou à BBC que se encontra em estúdio a preparar um novo registo. Apesar de não terem editora, é mais do que certo que encontrarão uma que queira editar o novo disco, a ser lançado, tudo o indica, no decorrer de 2010. Boa, boa.
A notícia está no site da Blitz.

domingo, 27 de setembro de 2009

Momentos e Imagens - 36



Roman Polanski à entrada do tribunal norte-americano, em Outubro de 1977, devido à acusação de violação de uma menor de 13 anos. Cumpriu apenas 47 dias de prisão, tendo saído em liberdade condicional sob fiança. Em 1978 apanhou um avião para França e nunca mais pisou solo americano. Mais de 30 anos depois, o realizador polaco estava na Suíça onde ia receber um prémio cinematográfico quando foi, para surpresa de todos, preso, aguardando extradição para os EUA. Três décadas depois, os momentos que estas fotografias retratam vão, muito provavelmente, repetir-se.
Por esta partida do destino é que Polanski certamente não estaria à espera. E o destino pode ser bem irónico: é que Susan Atkins, co-responsável pela morte da mulher de Polanski, Sharon Tate, a mando de Charles Manson, morreu há apenas dois dias na prisão onde se encontrava. Coincidências negras...

Alex Ross e a entrevista


O jornalista e escritor Alex Ross, autor do brilhante livro "O Resto é Ruído", deu uma interessantíssima entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, na qual aborda o conteúdo do seu premiado livro e a sua visão da música e da arte. Apesar da abordagem de Alex Ross se centrar sobretudo no campo da música clássica, o autor analisa também outras manifestações musicais como o jazz, o rock, o minimalismo, a pop e a música electrónica, contextualizando-as com outras correntes artísticas e culturais.
Prova desta diversidade de interesses, é a resposta à pergunta "que música tem no seu iPod"; Ross responde: "75% é música clássica. O resto é muito variado: Radiohead, Pavement, Dylan, Björk, Justin Timberlake, Sonic Youth...

sábado, 26 de setembro de 2009

Cinema: o pior do pior


Este filme representado por esta imagem, que eu desconhecia por completo, foi eleito pelo site de cinema Rotten Tomatoes como o pior filme da década. Chama-se "Ballistic: Ecks vs. Sever", é de 2002, tem como estrelas Antonio Banderas e Lucy Liu e foi realizado por um realizador com um nome impronunciável: Wych Kaosayananda. Ao que consta, é um filme de acção completamente incompetente a todos os níveis. A lista dos 100 piores filmes da década está dividida em dez partes e organizada em contagem decrescente (do menos mau ao pior dos piores).
Aliás, o título da lista é sintomático: "Worst of the Worst: Counting Down the Worst Reviewed Movies of the Last Ten Years".

No meio de dezenas de filmes ineptos e de realizadores completamente medíocres, há uma surpresa (pela negativa): o nº dois da mesma lista, sentencia o realizador italiano Roberto Begnini com o filme "Pinocchio" (2002). É certo que o filme do autor de "A Vida é Bela" é, convenhamos, muito fraquinho. Mas daí até ser condenado ao segundo lugar de pior filme da década, atrás de tantos filmes intragáveis, vai um considerável passo.

O jazz fotografado

Francis Wolff foi um dos mais importantes fotógrafos da história do jazz. Durante as décadas de 40, 50 e 60, tirou cerca de 30 mil fotografias às maiores figuras do jazz norte-americano, sobretudo em sessões de gravação para a lendária editora Blue Note. De igual modo, são da autoria de Francis Wolff dezenas de capas de discos de jazz, das quais se destava uma das mais famosas e míticas, a de John Coltrane do seu álbum "Blue Train".
Eis alguns exemplos de grandes momentos captados pela objectiva de Wolff:
Max Roach

Miles Davis

Don Cherry

Cecil Taylor
Mais fotografias.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Discos que mudam uma vida - 77


Sex Pistols - "Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols" (1977)

A Pietá segundo Hitch

A Pietá é uma figura máxima da iconografia católica. A reprodução mais conhecida é a escultura de Miguel Ângelo. E depois há a Pietá segundo Hitchcock:
"Topaz" (1969)

"Notorious" (1946)

"Vertigo" (1958)

"I Confess" (1953)
"The Lodger" (1927)
"Rear Window" (1954)

À escuta do século XX - O Livro


No dia 30 de Dezembro de 2007 perguntava neste post se o livro "The Rest is Noise" iria ter algum dia edição nacional. Pelos vistos enganei-me. Demorou quase dois anos, mas aqui está o tão falado livro de Alex Ross em brilhante edição da Casa das Letras.
"O Resto é Ruído - À Escuta do Século XX" é uma notável obra com mais de 500 páginas que analisa o século XX com base na história da música desde 1900 até aos nossos dias. Cruza acontecimentos culturais, sociais e políticos para explicar os grandes compositores e as grandes obras musicais: de Mahler a Philip Glass, da música clássica ao rock, do jazz à vanguarda, da Viena de antes da Primeira Guerra Mundial até à Alemanha de Hitler, da downtown dos clubes nocturnos de Nova Iorque dos anos 60 às fusões estéticas dos 80 e 90. É que "O Resto é Ruído" não se lê como quem consulta um dicionário ou compêndio de música. A sua estrutura narrativa é rica e preciosa em pormenores, abrangente e historicamente muito bem documentada. O resultado final não é tanto uma história da música do século XX, mas sim uma elaborada história do século XX através da sua música.
Alex Ross, premiado crítico musical do mítico The New Yorker, faz uso de uma escrita extremamente escorreita e sem subterfúgios, rica em informação, detalhada e objectiva. Em 2008, o exigente New York Times incluiu "O Resto é Ruído" na lista dos 10 melhores livros do ano. Um jornalista do LA Weekly sentencia que se trata de "o melhor livro de música que alguma vez li". O circunspecto Washington Post confirma que "este é o melhor estudo sobre a complexa história da música. Verdadeiramente impressionante". E o The Guardian não faz a coisa por menos: "Só ocasionalmente alguém escreve um livro que esperámos a vida para o ler. Esta história da música do século XX é um desses livros".
O livro é algo caro (27 euros). Mas quem for cliente Bertrand pode fazer como eu: utilizar um voucher de 10€ e comprar o livro na segunda segunda-feira de cada mês (em que há um desconto de 10%). Resultado: ficou por um bem mais simpático preço de 14€.
Altamente recomendado.

Blog de Alex Ross.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O xadrez de Bergman


Trezentos e trinta e nove objectos que pertenceram a Ingmar Bergman vão a leilão, cumprindo a vontade do cineasta sueco expressa no seu testamento para evitar zangas na divisão da herança pela sua numerosa família (oito filhos). O leilão realiza-se no dia 28 de Setembro em Estocolmo. Móveis (escrivaninha onde escreveu os seus argumentos), quadros, prémios de cinema e de teatro (um globo de ouro), bibelots, as peças de xadrez usadas no filme “O Sétimo Selo” e louça fazem parte dos objectos colocados agora em leilão pela família do realizador de Cenas da Vida Conjugal.
In Público.
Se pudesse escolher apenas um destes objectos, escolheria claramente as peças de xadrez usadas no filme “O Sétimo Selo”. Jogar num tabuleiro de xadrez no qual jogou a temível Morte deve ser deveras excitante.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para ler com atenção


Mais informação.

Avalanche de estreias


O crítico de cinema João Lopes lamentou-se, num texto de sábado passado na revista "Notícias Sábado" do Diário de Notícias, do excesso de oferta no que concerne a estreias semanais de filmes nas salas de cinema. Referia que os jornalista e críticos de cinema, que têm de ver os filmes antecipadamente, já não conseguem ver todos os títulos porque algumas sessões de visionamento para a imprensa ocorrem em horas sobrepostas. Dito de outros modo, torna-se impossível a um crítico de cinema acompanhar todas as estreias (mesmo sendo selectivo). Por outro lado, segundo o crítico instalou-se um problema da inflação de estreias que se tornou comercialmente irrealista. As distribuidoras despejam filmes para as salas sem qualquer rigor ou critério, enquanto que filmes de qualidade ficam na gaveta.
Em Portugal, a semana passada foram lançados sete novos títulos, esta semana outros tantos e, pasme-se, para 8 de Outubro estão anunciados uma dezena de estreias! Com tamanha avalanche de filmes novos semanalmente, nem mesmo um espectador informado e atento consegue orientar-se e separar o trigo do joio. E não admira que cada vez se torne mais difícil ver filas para comprar bilhete de cinema (como na imagem). João Lopes finaliza o seu texto elaborando duas perguntas: "Qual é afinal a capacidade de acompanhamento do espectador médio? Alguém está a pensar as relações entre a oferta e a procura?" Eu respondo "muito pouca ou nenhuma" à primeira pergunta e "ninguém" à segunda.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fotografia como metáfora visual

Voltei a Chema Madoz.
Em Janeiro deste ano, neste post, dei conta da minha descoberta deste esplêndido fotógrafo espanhol. Um fotógrafo de uma sensibilidade visual tão surpreendente quanto desarmante. A criatividade e imaginação de Chema Madoz desafiam o olhar do espectador, que procura dar um sentido (conceptual, não propriamente estético) às imagens paradoxais do fotógrafo. Madoz herda a tradição de Man Ray e Marcel Duchamp e transforma objectos do quotidiano em objectos artísticos. Subverte o contexto e o significado dos mesmos com subtis e simples alterações visuais, em fotografias a preto e branco de notável beleza plástica. Entretano, foi publicada uma monografia completa dos trabalhos do autor, desde os anos 80 até 2008.
Visitei o site do premiado fotógrafo e descobri (novas) pequenas obras primas:






"What Goes On"

Ainda a propósito dos The Feelies: lembrei-me que o álbum "Only Life" de 1988 fechava com uma versão de um tema clássico dos Velvet Underground, "What Goes On" (tema original de Lou Reed incluído no disco "The Velvet Underground" de 1969). Eu gosto muito da música original (assim como gosto muito dos VU), mas na altura em que o disco saiu cheguei a comentar com amigos que esta versão era superior à composição original de Reed. Agora não tenho a certeza disso, mas continuo a gostar muito da versão dos The Feelies, mais solta ritmicamente, mais incisiva nas guitarras:

Mann & Capa


Depois de "Inimigos Públicos", eis que Michael Mann se lança numa nova aventura cinematográfica: a adaptação do romance "Esperando Robert Capa" de Susana Fortes, escritora galega vencedora da 14ª edição do prémio Fernando Lara. O livro aborda a breve relação amorosa entre o célebre fotógrafo Robert Capa (na imagem, 1933) e a alemã Gerda Taro, morta na Guerra Civil espanhola. O realizador comprou os direitos para adaptação ao cinema e consta-se que vai também dirigir atrás da câmara.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Happy Birthday Mr. Cohen


Pouca gente se terá dado conta que hoje, 21 de Setembro, o sr. Leonard Cohen celebra 75 anos de vida (bem vivida). Deu um concerto em Barcelona no qual 14 mil pessoas, entusiasmadas, celebraram o aniversário do cantor e o ovacionaram incondicionalmente.
Leonard Cohen agradeceu, com o seu sorriso tímido, dizendo à assistência: "Obrigado. Não sei quando voltarei a festejar assim". Esperemos que por largos anos...

Momentos e Imagens - 35


Pintura mural (a partir desta fotografia) de Ian Curtis.

The Feelies



É uma das reedições do ano: os dois primeiros álbuns de uma decisiva banda pós-punk americana – The Feelies. O primeiro e segundo álbum da banda, “Crazy Rhythms” de 1980 e “The Good Earth” de 1986, vão ser reeditados com som digitalmente remasterizado. Oportunidade para as novas gerações terem contacto com uma das mais originais bandas de guitarra dos anos 80, com um álbum, “Crazy Rhythm”, que influenciou grande parte da criação pop subsequente. E é incrível como, ouvindo agora o primeiro disco dos The Feelies, se nota que não perdeu um pingo de frescura e inovação.
Link.

domingo, 20 de setembro de 2009

"O Samuel Beckett do cinema"


Está a ser impressionante a consagração crescente de Pedro Costa a nível internacional. Agora vai ser a Tate Modern (um dos melhores museus europeus de arte contemporânea) a dedicar-lhe um retrospectiva integral entre 25 de Setembro e 4 de Outubro. A revista Sight & Sound dedica ao realizador português um longo dossiê de 6 páginas e o importante diário The Guardian, o mais prestigiado jornal britânico, diz no título do artigo que lhe dedica que Pedro Costa é o "Samuel Beckett do cinema", para além de elogiar a sua filmografia e classificando o filme “Ossos” como um dos mais “enigmáticos e assombrosos filmes do cinema Europeu moderno”.
Entretanto, o primeiro filme de Pedro Costa, "O Sangue" (1989), vai ser reeditado em DVD com som e imagem remasterizado (edição Midas Filmes) - irá estar à venda com o jornal Público no início de Outubro.
Vi o filme "O Sangue" ainda em sala de cinema, quando estreou comercialmente. Lembro-me de ter dito a alguém que se tratava do melhor filme português em muitos anos. A fotografia a preto e branco e a realização esteticamente austera (na esteira de um Robert Bresson ou de um Dreyer), causaram-me forte impressão, ainda que já não me recorde muito bem do argumento. Parabéns Pedro Costa!
Link para o The Guardian.

Díptico - 72


Keira Knightley e Natalie Portman

Javier Bardem e Jeffrey Dean Morgan

Paz Vega e Penélope Cruz

Helena Christensen e Cameron Diaz

O vinho como metáfora da vida


Ontem revi na RTP2 um dos melhores filmes da colheita de 2004: "Sideways" de Alexander Payne. E só não arrisco dizer que foi o melhor filme porque nesse ano houve "O Aviador" de Scorsese ou "Million Dollar Baby" de Clint Eastwood.
"Sideways" foi canditado a 5 Óscares e ganhou apenas um, o de melhor argumento adaptado. E é no argumento que reside a incrível força realista desta história cuja metáfora de vida se relaciona com o vinho (como é bem explícito num excelente diálogo do filme). Alexander Payne soube, de forma inteligente e equilibrada, conciliar a comédia com o drama existencial (já o tinha feito com o brilhante "About Schmidt" (2002). Para além do argumento, há a destacar a fabulosa interpretação dos actores, com especial destaque para Paul Giamatti (na imagem), com uma extraordinária interpretação merecedora de estatueta dourada. Giamatti encarna o neurótico e pessimista escritor frustrado à espera de uma oportunidade na vida (profissional e afectiva), ao lado do contrastante folião amigo. Ambos passam uma semana de viagem de degustação de vinhos por toda a Costa Central da Califórnia, e mal imaginam que essa viagem de descoberta dos melhores vinhos se torna num processo de auto-descoberta pessoal.
E há o belo e enigmático final do filme, susceptível de distintas interpretações, que deixa o espectador em suspenso, qual poema em aberto. Magistral.

sábado, 19 de setembro de 2009

Michael Mann - Taschen


A Taschen lançou, na sua colecção de cinema, um livro sobre o realizador Michael Mann. Porém, ao contrário do que acontece com outros títulos da mesma colecção, este livro não tem, até ao momento, edição no mercado português. Estranho, no mínimo...

I'm a sick person


"Film lovers are sick people."
Francois Truffaut