sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Alien" by Ridley Scott


Afinal, o que eu referi neste post sobre a prequela da saga "Alien", está errado. Ou melhor, meio-errado (se a expressão me é permitida): vai haver, de facto, uma prequela a explicar o surgimento do terrível monstro, mas já não vai ser um realizador desconhecido a levar ao grande ecrã esta história, mas sim o próprio Ridely Scott, o realizador que inaugurou a saga com "Alien" em 1979. Foi a revista Variety que confirmou esta notícia, através de um comunicado da Twentieth Century Fox. Aguardemos o que de novo tem para revelar Scott com este novo "Alien".

O leitor na praia

Um homem, já de certa idade, barba grisalha à Ernest Hemingway, vai para a praia ao fim da tarde, todos os dias, à hora em que quase toda a gente se vai embora. Leva uma cadeira articulada debaixo do braço. Senta-se, estrategicamente, ao centro do areal de frente para o que resta do sol da tarde. Coloca uma mesinha discreta ao seu lado direito onde pousa o livro que vai ler. Traz também uma garrafa de água. O homem começa a ler o livro, em total compenetração, sem se distrair com os transeuntes que passam à sua volta. Questiono-me se lê um livro do Miguel Sousa Tavares, do Paulo Coelho ou um qualquer título de literatura "light", que invadem maioritariamente as leituras de praia dos veraneantes.
Até que me dou conta que aquele homem, que todos os dias ao fim da tarde pratica o ritual de se sentar no meio da praia de frente para o sol, alheio a tudo e a todos, num belo e quente dia de Verão, está a ler o demencial livro "As Benevolentes" de Jonathan Littell, um grosso volume de quase 900 páginas sobre os horrores do nazismo. Engoli em seco e fui molhar os pés no mar para arrefecer o choque presenciado.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Two Lovers" - As dimensões do amor


A ser verdade o que Joaquin Phoenix disse há tempos sobre o fim da sua carreira (para deixar crescer a barba e o cabelo e se dedicar à música), o filme "Two Lovers" terá sido a sua última participação no cinema. E é pena, porque Phoenix poderá passar ao lado de uma grande carreira de actor.
Realizado por James Gray que já mostrou ao mundo dois filmes muito dignos - "Little Odessa" (1994) e "Nós Controlamos a Noite" (2007) - "Two Lovers" marca o regresso do cineasta em registo de melodrama despretensioso mas muitíssimo competente. Em Portugal o filme tem por título "Duplo Amor", e conta a história de um triângulo amoroso protagonizado por Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow e Vinessa Shaw. Uma relação sentimental desequilibrada e à beira do precipício emocional, sobretudo pelo personagem de Phoenix, homem instável que tenta o suicídio devido a um desgosto amoroso. O filme de Gray não resvala para os lugares-comuns de filmes com argumento similar, mostrando habilidade na gestão da progressão dos acontecimentos, recorrendo a uma sóbria realização, a uma direcção de actores irrepreensível e a uma fotografia densa a condizer com a nebulosidade emocional que perpassa por todo o filme. "Two Lovers" é uma obra sensível e terna (ainda que por vezes tensa), que aborda o amor nas suas múltiplas dimensões e manifestações, sem nunca revelar soluções morais fáceis para os problemas focalizados.
O filme pode ser visto nas salas de cinema (estreia esta semana) ou pode ser visto, mais domesticamente, aqui.

Momentos e Imagens - 25


O realizador Carol Reed e o actor (neste filme) Orson Welles conversam na preparação de uma cena no filme "O Terceiro Homem" (1949) de Carol Reed.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O regresso de Jarmusch

A estreia mais esperada (sem contar com o "Public Enemies" de Michael Mann) vai acontecer já esta semana com o novo Jim Jarmusch - "The Limits of Control". Quatro anos depois de "Broken Flowers", Jarmusch regressa com um filme sobre um homem solitário que se move à margem da lei e deambula por Espanha à procura não se sabe muito bem de quê. A mestria do cineasta independente americano mais europeu volta a dar que falar. Enquanto não vemos o filme, vale a pena apreciar a qualidade gráfica do respectivo cartaz.
O trailer pode ser visto aqui.

A Fnac "conquista" novos clientes


A revista Sábado revela um curioso e recente fenómeno: alguns sem-abrigo de Lisboa procuram guarida nas lojas Fnac (sobretudo a do Chiado). Em vez de passarem o tempo a vaguear nas ruas a pedir esmola em qualquer canto, os sem-abrigo descobriram que podem passar dias inteiros rodeados de discos e livros, sem que ninguém os incomode. As regras da Fnac referem mesmo que, desde que não haja distúrbios ou atitudes menos próprias, qualquer cliente pode ficar horas ininterruptas a ler ou a ouvir música. E os sem-abrigos não incomodam ninguém. A revista dá o exemplo de Aureliano, um sem-abrigo que se instala todos os duas na Fnac do Chiado entre as 16h e as 22h, ocupando o tempo à volta dos discos e a ler livros de filosofia, espiritualismo e auto-ajuda.
Aureliano é um dos cinco sem-abrigos que diariamente vão para a Fnac ler, ouvir música ou dormir. É o próprio que assegura: "Em vez de andar para a aí a vaguear, venho para aqui investir em mim, aprender e tornar o tempo útil." Os funcionários da loja referem que vão buscar livros ou discos às prateleiras e quando acabam de ler ou ouvir, voltam a arrumá-los no sítio. Os sem-abrigo deambulam pelos corredores da loja e ocupam, cada um, o seu próprio espaço "residente": há aquele que ocupa o sofá ao lado da estante dos livros de informática, o outro que se senta invariavelmente ao lado do escaparate dos discos de reggae e por aí fora. Também há o sem-abrigo que se senta em frente o ecrã de plasma gigante e adormece a ver um concerto de música.
Segundo as últimas estatísticas, em Lisboa há perto de 200 sem-abrigos. Se todos aderirem a esta moda de estabelecer residência fixa na Fnac do Chiado, como irá a loja desenvencilhar-se de tão embaraçosa situação? Abrirá novas lojas unicamente para os sem-abrigos, fomentadno uma indesejada segregação social? Se assim for, proponho desde já um título e um conceito para essas lojas especializadas: "Fnac 'Sem-Abrigo': A Cultura Para os Que Não Têm Tecto".

terça-feira, 28 de julho de 2009

O filme definitivo sobre drogas

Há muitos filmes sobre drogas. Há muitos filmes sobre o tráfico, o consumo, os efeitos, as dependências e os tipos de drogas (como se pode comprovar nesta lista). Porém, quanto a mim, não há nenhum filme que supere a mestria narrativa, interpretativa e visual de "Requiem For a Dream" (2000), de Darren Aronofsky. Este segundo filme do autor de "The Wrestler" é um autêntico murro no estômago sobre a dependência das drogas e os sonhos destrutivos que estas acarretam para os diversos personagens. Um filme perturbador e único, numa abordagem inovadora ao universo das drogas que revelou Aronofsky como um autor de grande calibre artístico (já a sua estreia no cinema tinha sido fulgurante, com o filme independente "Pi", de 1998).
Nota: lembrei-me deste filme porque acabei de ler o magnífico livro "As Portas da Percepção - Céu e Inferno" de Aldous Huxley, no qual o autor disserta sobre a sua própria e delirante experiência de consumo de drogas.

A estranheza de não gostar de música


Que eu me lembre, nunca conheci ninguém que dissesse, sem pestanejar, que não gosta de música. Julgava que todas as pessoas gostavam de ouvir música, independetemente da cultura musical ou do gosto estético em particular. Sejam as pessoas mais simples e analfabetas, sejam os académicos mais eruditos e intelectuais, de todas as idades e profissões, de todas as culturas e sociedades, a música é considerada a arte mais universal e acessível. Por isso o meu espanto ao ler no jornal Expresso que o ilustre artista João Cutileiro (na imagem) não gosta de música. Ponto.
Na secção de questionários a figuras públicas "A Arte da Fuga" do semanário é perguntado ao escultor: "Qual a banda sonora dos seus dias?", ao que Cutileiro respondeu: "O silêncio. Não gosto de música, Nunca gostei, desde criança. Mas não sei porquê."
Esta resposta - um tanto ou quanto vaga e evasiva - levou-me a reflectir sobre os motivos que levam alguém, apesar da sua formação cultural e artística, a não gostar de música. Reflecti, mas não cheguei a conclusão nenhuma...

domingo, 26 de julho de 2009

Uma história alternativa da música popular

Um livro que pretende ser, não sem polémica, um contributo para uma releitura (alternativa) da história da música popular (com enfoque particular no rock) desde o início do século XX à década de 70. Os Beatles são particularmente focados nesta obra, na qual o seu autor, Elijah Wald, acusa o quarteto de Liverpool de ter construído e destruído toda uma mitologia do rock, explicando o seu sucesso em comparação com o insucesso de outros músicos igualmente talentosos (para além de outros tópicos analisados).
O livro tem recolhido os mais rasgados elogios da imprensa internacional especializada, e até Tom Waits, tão pouco dado a comentários a discos ou a livros, disse isto a propósito de "How The Beatles Destroyed Rock'n'Roll:"I couldn't put it down. It nailed me to the wall, not bad for a grand sweeping in-depth exploration of American music with not one mention of myself. Wald's book is suave, soulful, ebullient and will blow out your speakers."
Mais informação aqui.

sábado, 25 de julho de 2009

"Smooth Criminal" árabe

É sabido que depois da morte de Michael Jackson multiplicaram-se as homenagens por todo o mundo. O Youtube está recheado de vídeos amadores (e semi-profissionais) de fãs de todo o mundo que imitam as coreografias de Jackson, com mais ou menos talento. Porém, o vídeo em baixo é o mais delirante e bizarro de todos: um grupo de cidadãos da Arábia Saudita do Sul homenageia (é uma forma de dizer) Michael Jackson dançando ao som de "Smooth Criminal". Não sei o que é mais delirante deste vídeo: a tosca coreografia (que pelos vistos tem elementos coreográficos da dança tradicional saudita) ou a estranheza de ver um grupo de homens árabes de bigode e turbante a dançarem um hino da cultura musical pop ocidental. Um "must" em apenas 50 segundos (a censura local deve ter cortado o resto do espectáculo):

sexta-feira, 24 de julho de 2009

As canções poeticamente bem ou mal escritas e as obras de arte de Picasso


"Uma canção tem de ter uma história, que pode ser poeticamente bem ou mal escrita. Se calhar, não consegui isso em todas as minhas canções, não é fácil... Picasso não fez só obras de arte."
Tony Carreira, in revista Única (citado pela Ler)

Momentos e Imagens - 24

Jacques Tati dá instruções ao actor que interpreta o varredor de rua no filme "O Meu Tio" (1958).

A menina angelical que espalha terror

Jaume Collet-Serra é um jovem (35 anos) realizador catalão a viver em Hollywood desde 1992. Até agora tinha feito apenas videoclips, publicidade e dois filmes perfeitamente dispensáveis (num até entrava a inenarrável Paris Hilton!). Acontece que ao longo dos anos e dos contactos, tornou-se amigo pessoal de várias figuras importantes do cinema americano, como Leonardo Di Caprio ou Joel Silver (produtor deste filme do realizador espanhol). Graças à influência destas personalidades, Jaume Collet-Serra conseguiu realizar um filme que acaba de estrear nos EUA e que parece estar a motivar excelentes críticas: "Orphan", com os consagrados actores Peter Sarsgaard e Vera Formiga nos principais papéis.
As críticas positivas vindas da América revelam que "Orphan" é um brutal e surpreendente filme de terror (num género cada vez mais difícil de inovar), cuja história se baseia numa criança com ar angelical que é adoptada e que vai revelando uma personalidade psicótica e ameaçadora. O argumento é vagamente inspirado no célebre "The Omen" (1976), cuja história se baseava numa criança que encarnava o diabo, mas este "Orphan" vai mais longe, com interpretações deveras aterrorizantes (sobretudo por parte da menina protagonista) e novas abordagens sociológicas e familiares ao tema da adopção (facto que suscitou diversas críticas nos EUA). Poderá ser o início de uma carreira interessante de Jaume Collet-Serra.
O trailer é magnífico e promete muitas emoções fortes:
Entrevista a Jaume Collet-Serra.

Stuart Gordon em Portugal


Por duas vezes já escrevi sobre filmes do realizador Stuart Gordon, um cineasta pouco conhecido mas com dois bons filmes, cada um no seu género: "Re-Animator - O Soro Maléfico" e "Edmond". Duas obras fulcrais no terror "gore" e no thriller. Sobre estes dois filmes falei mais demoradamente no link em cima.
Ora, a novidade é que a próxima edição do Festival Internacional de Terror de Lisboa, o MOTELx, a decorrer entre os dias 2 e 6 de Setembro, vai trazer a Portugal, pela primeira vez, Stuart Gordon, acompanhado por uma retrospectiva integral da sua filmografia. Oportunidade para dar a conhecer às novas gerações este autor tão marcado pela estética de um George Romero ou de um John Carpenter.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Finalmente o trailer

Custou mas foi: apesar de só estrear em Março de 2010, já foi divulgado o primeiro teaser trailer do filme "Alice no País das Maravilhas", versão Tim Burton:

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O livro negro... do Cristianismo


"O Livro Negro do Cristianismo" - Editorial Magnólia, 2009

O intelectual na praia

A revista Ler de Julho é especialmente interessante por vários motivos: pela irresistível entrevista a Vasco Pulido Valente (voltarei a ela mais tarde) ou pela lista dos 10 livros que Ricardo Araújo Pereira gostaria de ter editado. Como não podia deixar de ser, a Ler dedica uma secção aos livros de Verão e, especificamente, aos intelectuais na praia. E conta assim:

“Pois, a praia e o fio dental também são relevantíssimos para a formação do espírito cerebral, filosófico e literário. Mas atenção: antes de pisar os escaldantes areais com o Rorty debaixo do braço, o intelectual deve saber comportar-se entre gente que adopta o topless como regra e não faz a mínima ideia de quem é o Rorty. Vamos ensinar o intelectual a ir à praia:

Regra 1 – É importante tirar as calças e as meias.

Regra 2 – Não saber nadar é um pormenor. Nem no mar podemos ser todos o Camões.

Regra 3 – Em caso de esquecimento do guarda-sol, há sempre a hipótese de usar um catalogo da Gulbenkian.

Regra 4 – O factor 50 normalmente não é suficiente. É preciso ir mais longe na protecção. O intelectual copo de leite deve inclusive pedir uma burka emprestada ao Chomsky.

Regra 5 – A ser perturbado por um prurido ou um ataque de pânico, é favor recordar Hemingway, que ia à caça. Saramago, que vive nas Canárias. E Lobo Antunes que, por pirraça, um dia vai viver para Ibiza."

The Cutter

Foi a primeira vez que ouvi um grupo pop a utilizar sonoridades árabes: "The Cutter" (do álbum "Porcupine" de 1983) dos Echo and The Bunnymen:

terça-feira, 21 de julho de 2009

A chapelada no filme de Michael Mann ou o orgulho nacional


Já se sabia que o chapéu do último filme Indiana Jones e do "Public Enemies" (80 chapéus) de Michael Mann com Johnny Depp foram feitos por uma fábrica de São João da Madeira, a Fepsa. Aliás, esta fábrica granjeou tanta reputação internacional que até o antigo presidente dos EUA, George Bush, encomendava chapéus de cowboy. A RTP entrevistou um dos responsáveis da Fepsa, Ricardo Figueiredo que, sem modéstias disse, textualmente: "Acho que os chapéus são o filme. Os chapéus são a alma do filme. Não era possível fazer aquele filme sem chapéus de tão alta qualidade." Acrescente-se que o responsável ainda não viu o filme, apenas o trailer - que já sabe de cor. No entanto, tem a certeza que a alma do filme são os chapéus. É assim o pragmatismo português...

A experiência "Potemkine"

Um dia fui ao cinema ver o clássico "O Couraçado Potemkine" (1925) de Sergei Eisenstein. Foi uma oportunidade rara para poder contemplar, em grande ecrã, uma das maiores obras de cinema alguma vez realizadas. A epopeia visual de Eisenstein é, para além da sua invenção formal e estética, uma extraordinária história humana de enorme coragem e abnegação.
Nesse dia do visionamento estavam várias turmas de comunicação e artes visuais do ensino superior. Os respectivos professores acharam - e muito bem - que mostrar o filme aos alunos era uma boa sessão de cinema, de estética e de história. Acontece que os comentários dos alunos face ao início do filme foram qualquer coisa deste género: "O quê?! Um filme a preto e branco?"; "Ainda por cima russo!"; "Oh não, um filme mudo!". Foi assim, literalmente. Comentários ingénuos de quem nada conhecia sobre o filme e prova de que os professores não prepararam os alunos para o que iam assistir.
Acontece que no final da projecção falei com dois ou três desses alunos inicialmente cépticos e o feedback foi totalmente diferente. Afinal, apesar dos preconceitos iniciais, os alunos acabaram por gostar da película russa. Na verdade, o "O Couraçado Potemkine" de Eisenstein é uma obra da qual é impossível ficar indiferente, uma força cinematográfica ímpar, visualmente avassaladora. E nem as mentes mais formatadas e preconceituosas conseguem resistir a tamanha avalanche perfeita de imagens (e não me estou apenas a referir à celebrizada montagem de Eisenstein ou à sequência do massacre da escadaria de Odessa). É aquilo a que eu chamaria "A Experiência Potemkine".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Momentos e Imagens - 23


Federico Fellini dá instruções a Marcelo Mastroianni.

Era Uma Vez na América

Talvez não seja mera coincidência que o actor Robert De Niro tenha participado nalguns dos melhores filmes americanos da segunda metade do século XX: "O Padrinho 2" (1974) de Coppola, "Taxi Driver" (1976) de Scorsese, "O Touro Enraivecido" (1980) de Scorsese e "Era Uma Vez na América" (1984) de Sergio Leone. E como eu gosto deste épico de 4 horas de Leone! Monumental e arrebatadora história de amizade e traição que decorre ao longo de várias décadas, numa homenagem sentida sobre a identidade histórica, social e cultural dos EUA. A música de Ennio Morricone é eterna, sublime nas pontuações aos múltiplos episódios narrativos, imagética como só a sua música consegue ser.
Quem quiser visionar ou rever a versão do realizador, pode fazer o download de "Era Uma Vez na América" aqui.

Discos que mudam uma vida - 70


XTC - "Skylarking" (1986)

O Anjo Caído


Capa da revista de fim-de-semana do jornal espanhol El País: "Michael Jackson: o Anjo Caído". Não sei se é montagem ou se a fotografia já existia, mas está uma capa magnífica - assim como o título.

"As Lágrimas de Eros"


Quem marcar férias para o próximo Outono em Espanha e puder passar por Madrid não pode deixar de visitar um extraordinária exposição de arte no museu Thyssen-Bornemisza: trata-se de uma grande exposição (120 peças) sobre a relação entre a paixão erótica, o amor e o lado negro do sexo - a pulsão da morte. Ou seja, Eros versus Tanatos. Pinturas que vão do século XIX aos surrealistas até à criação contemporânea, numa exposição intitulada "As Lágrimas de Eros" (inspirado na fotografia "Lágrimas" de Man Ray, que ilustra este post).
Mais informação aqui.

sábado, 18 de julho de 2009

O cinema na praia

Verão. Praia. Calor. Amor. Humor. Morte. O cinema retratou muitos destes temas em filmes e cenas memoráveis. A praia serviu de cenário para o amor, a morte e o humor. Assim de repente, eis algumas imagens marcantes do cinema que se passaram na praia:
A cena do beijo de Burt Lancaster e Deborah Kerr em  "From Here to Eternity""From Here to Eternity" (1953) de Fred Zinnemann:
A alucinada e misteriosa aventura do argumentista Barton Fink à volta do imaginário de uma mulher na praia, no filme "Barton Fink" (1991) dos irmãos Coen:

A angústia de Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) no filme "Morte em Veneza" (1971) de Luchino Visconti, à procura de um amor utópico na areia da praia:
A areia de Omaha Beach tingida de vermelho do sangue em "Saving Private Ryan" (1998) de Steven Spielberg:

As loucas desventuras de verão do Sr. Hulot no hilariante "As Férias do Sr. Hulot" (1953) de Jacques Tati:

A morte lenta de Romain (Melvil Poupaud) na praia, no final do brilhante filme "O Tempo Que Resta" (2005) de François Ozon:

O pânico generalizado na praia de "Tubarão" (1975) de Steven Spielberg:

A música de Michael Nyman no piano no filme "O Piano" (1993) de Jane Campion:

Extra: o memorável final de "La Strada" de Fellini, com Anthony Quinn a sucumbir na praia ao desgosto pela perda da sua Gelsomina. Merece vídeo:

Momentos e Imagens - 22


Estreia histórica do filme "Metropolis" de Fritz Lang, Berlim, 1927.

As irmãs Lisbon

Kusturica & Depp


Emir Kusturica e Johnny Depp já tinham colaborado juntos no filme "Arizona Dream", em 1993. A novidade é que os dois vão voltar a trabalhar em conjunto e logo num projecto prometedor: levar ao grande ecrã a vida do revolucionário mexicano Pancho Villa. Johnny Depp será, obviamente, Pancho Villa, e a actriz mexicana Salma Hayek vai contracenar com o actor. O filme vai ser rodado apenas no final de 2010, devido a compromissos já assumidos por Depp. Apesar de só estrear em 2011, o filme já tem um sugestivo título: "Sete Amigos de Pancho Villa e a Mulher com Seis Dedos". Promete.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Os "famosos" e o cinema



O portal Sapo.pt informa, em grande destaque, que "Famosos foram ver novo Harry Potter". Isto é notícia? Uma notícia genuinamente inédita e ousada seria qualquer coisa como: "Famosos foram ver novo Abbas Kiarostami".

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para uma definição do conceito de "World Music"


"Não digam que faço 'World Music'! Essa é uma nova etiqueta colonial que vocês, britânicos e americanos, aplicam a toda a música não cantada em inglês." Quem proferiu estas palavras foi Manu Chao, em 2007.
Na verdade, o músico ex-Mano Negra tem plena razão na sua contestação. O conceito de "world music" foi inventado em 1987 e tem sido aplicado, com muito pouco critério, a qualquer música étnica, venha ela da Nigéria, do Paquistão, da Tailândia, dos Balcãs ou da Argentina. Até o nosso fado é, aos olhos (e ouvidos) anglo-saxónicos, world music. No sentido lato, é evidente que se enquadra na world music. Dito de outra forma: o fado e o flamenco, por exemplo, são músicas que representam a identidade cultural de dois países específicos. Porque deverão logo ser apelidadas de "músicas do mundo"? Daí que se imponha a dúvida: porque não conotamos, de igual modo, world music com o jazz, o rock ou o country? E as inúmeras fusões que as músicas do mundo já tiveram com o jazz, o rock, o hip-hop, a electrónica e a pop, são o quê exactamente?
Para desmistificar este conceito dúbio de world music, utilizado para classificar toda a música que cheire a exotismo, e para perceber o fenómeno de popularidade que as músicas do mundo têm por todo o lado (veja-se a popularidade do festival de Sines), acaba de ser editado um livro sobre o assunto: "The No-Nonsense Guide To World Music", da jornalista Lousie Gray. Livro muito elogiado pela crítica especializada, incluindo o músico e escritor David Toop.
Pode-se consultar o índice e ler algumas páginas aqui.
Este livro integra a interessante coleccção "No-Nonsenses Guide".

The Wire: a capa improvável


Descobri ontem que a mais vanguardista das revistas de música - dedicada às correntes experimentais da música contemporânea - The Wire, fez um dia capa com Michael Jackson, a propósito da edição do álbum "Black or White" (1991). Juraria impensável, mas aconteceu. Hoje, dada a especificidade editorial da revista, seria totalmente impossível uma capa com Michael Jackson. Os tempos são outros.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Let The Right One In


Gostava muito de ver este filme. Mas ainda não tive oportunidade.

Johnny Depp: o traficante

É a história de um anti-herói dos EUA: em plenos anos 70, o tráfico de drogas cresce e espalha-se cada vez mais rumo aos quatro cantos do planeta. Nos Estados Unidos o principal fornecedor de drogas a nível industrial é George Jung (Johnny Depp), que depressa se torna o mais influente importador de cocaína do Cartel de Medellin, comandado pelo colombiano Pablo Escobar. Durante duas décadas, Jung foi um dos principais alvos do combate às drogas pelo Governo americano.
O filme "Profissão de Risco" ("Blow", 2001) do malogrado realizador Ted Demme (morreu com 38 anos logo após a conclusão deste filme), é a história rocambolesca e verídica de George Jung, que aproveitou os turbulentos anos 60 para, na década seguinte, ganhar muito dinheiro com o tráfego de droga. Jung foi o responsável pela introdução de 85% de cocaína nos EUA até finais da década de 70. George Jung foi preso e condenado a 60 anos de prisão. A pena foi reduzia e será libertado em 2015, com 72 anos de idade. O filme de Ted Demme é muito competente na forma como encena o percurso de vida atribulado de Jung. Johnny Depp é perfeito nas contradições deste homem que detestava a violência e que, durante toda a vida, lutou pelo amor da mulher (Penélope Cruz) e da filha. Muito recomendável.

Momentos e Imagens - 21


A tempestuosa relação Klaus Kinski - Werner Herzog na rodagem do filme "Cobra"Verde"

É só um filme (de Hitchcock)


A biografia de Alfred Hitchcock - "É Só Um Filme" - já foi lançada no mercado português há dois anos, mas só agora comecei a lê-la e logo com uma certa sofreguidão. A biógrafa, Charlotte Chandler (também escreveu as biografias de Groucho Marx, Federico Fellini, Billy Wilder, Bette Davis e Joan Crawford) privou com o realizador durante muitos anos e conheceu-o melhor do que ninguém. O livro é riquíssimo em pormenores sobre a vida pessoal de Hitchcock, as suas obsessões, as suas relações com os actores e colegas de profissão, a sua visão do mundo e da arte, o seu especial sentido de humor negro. Irresistível e compulsiva leitura.

O touro enraivecido

O chamado espectáculo tauromáquico não me interessa para nada. Não gosto. Ponto. A razão pela qual coloco aqui duas imagens das festas de San Fermin em Pamplona, é por se tratarem de duas notáveis fotografias com os touros. A primeira é de uma colhida de um "matador" espanhol, em que vemos o duelo feroz entre o homem e o animal. O touro enraivecido colhe, dir-se-ia em desespero, o homem que o toureia. A segunda fotografia diz respeito à largada de touros pelas ruas apertadas de Pamplona: a composição plástica da imagem é perfeita, parece congelada no movimento, com os homens em corrida desenfreada a rodearem o touro, tocando-o com as mãos, num misto de medo e respeito.
Para apreciar a qualidade destas e de outras fotografias, é favor abrir o sempre excelente Big Picture.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O verdadeiro recorde musical


582 bateristas bateram o recorde, hoje, do maior número de bateristas a tocar ao mesmo tempo. O anterior situava-se nos 533 bateristas, alcançado há três anos nos EUA. Amadores, profissionais, jovens e velhos, homens e mulheres, juntaram-se no Birmingham National Indoor Arena para, basicamente, tocar durante 10 minutos. Uma enorme batucada, está bem de ver (e ouvir).
Estes recordes são sempre um pouco parvos e sem grande impacto (quanto a mim). Um verdadeiro e original recorde seria, como um dia pensou o compositor John Cage, desafiar nove orquestras a tocar, cada uma delas, uma das nove sinfonias de Beethoven. Simultaneamente, claro. Segundo este espírito do visionário Cage, gostaria de ter visto este recorde dos 582 bateristas a tocar, ao mesmo tempo, com 582 guitarristas de heavy-metal, 582 pianistas de jazz, 582 baixistas de reggae, 582 teclistas de música "new age", 582 cantores da canto gregoriano, 582 Djs de tecno minimal e 582 dançarinas de dança do ventre. A isto sim, chamar-se-ia, com propriedade, um verdadeiro recorde (e uma proeza digna de nota).