terça-feira, 30 de junho de 2009

Sasha e a música

E eis que surgem mais notícias sobre Sasha Grey. Para além de actriz no último filme de Steven Soderbergh e de se conhecer os seus bons gostos cinéfilos, agora um site português divulga uma entrevista com Sasha na qual se fica a saber que também faz... música. E logo com influências radicais e extremistas, nomeadamente, com o rock industrial e noise mais abrasivo como o dos históricos Throbbing Gristle. A actividade musical da jovem chegou ao ponto de trabalhar com David Tibet, dos Current 93. Ficamos a saber tudo nesta entrevista.
Agora só falta que Sasha Grey se aventure pela literatura (o William Burroughs ou o Andy Warhol teriam gostado de conhecer a jovem).

Momentos e imagens - 17


O escritor Truman Capote como centro das atenções.

Relato do Kindle 2


Só uma nota breve: vale bem a pena ler a reportagem de hoje do Público (Caderno P2) sobre o novo e-book Kindle 2. A jornalista Isabel Coutinho, directamente de Nova Iorque, dá conta da sua experiência com este leitor multimédia. Apesar da primeira reacção ter sido de relutância, a jornalista acabou por se render à qualidade e versatilidade deste objecto que pode revolucionar os hábitos de leitura de meio mundo.
Já escrevi sobre este tema aqui.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Uma compilação de "twist"


Amados ou odiados, os "twist" são um fenómeno dramático relativamente recente na história dos filmes. Basicamente, o "twist" é um recurso dos argumentistas para surpreender o espectador com finais imprevisíveis e que revelam o segredo da história (geralmente associada ao género de suspense ou de thriller). Pessoalmente, gosto de bons "twist". Não daqueles fáceis e até previsíveis, mas daqueles que fazem cair o queixo de espanto do espectador perante o engenho da resolução dramática de determinado filme. É o caso do filme da imagem deste post, "Os Suspeitos do Costume" (1994) de Bryan Singer; de "Seven" (1995) de David Fincher; ou de "Angel Heart" (1987) de Alan Parker
Para tem curiosidade de analisar os bons, os assim-assim e os maus "twist", é favor abrir esta lista. Como todas as listas, é subjectiva e passível de discussão. Mas é uma lista onde constam todos os (bons e medianos) filmes com twist da história recente - ainda que o título mais antigo referenciado seja o clássico intemporal "Citizen Kane" (1941) de Orson Welles.

Pasolini em música


Este é um disco de homenagem a um dos mais controversos cineastas de sempre: Pier Paolo Pasolini. Um cineasta que, curiosamente ou talvez não, tem despertado fascínio e devoção como poucos realizadores. O fascínio e devoção tem sido revelado por canções e músicas que lhe são dedicadas ou que abordam o universo estético e ético do autor de "Decameron". A editora Self Released resolveu compilar todas as canções que exploram a obra e a pessoa de Pasolini. E assim nasceu o disco "Songs For a Child - Tribute to Pier Paolo Pasolini", com a música dark ambient, electrónica e industrial de projectos como Coil, Spiritual Front, In Slaughter Natives, Black Sun Productions ou Teatro Satanico
Música imbuída num inquietante espírito "pasoliniano" para homenagear as imagens icónicas que Pasolini nos deixou. Download mp3 do disco aqui (carregar em "try").

Nico Muhly em Portugal


O prodígio musical (seja o que for que isto signifique) vai estrear-se ao vivo em Portugal. Nico Muhly, do qual já dei conta aqui, vai tocar no teatro Maria Matos em Novembro. Elogiado pela crítica internacional, ex-colaborador de Philip Glass, Muhly é um talento pop-erudito-experimental com sólidos atributos mas que está ainda a desbravar um caminho estético próprio.
Pelos vistos, a nova direcção artística do teatro de Lisboa está a apostar forte nos concertos. Para além de Muhly, um outro músico de referência (e de outra geração) vai pisar o palco do MM: Jon Hassell. E ainda: Vladislav Delay, Gala Drop, Osso Exótico, Jaki Liebizeit, Scarp, entre outros. 

domingo, 28 de junho de 2009

A Fnac em crise?

Durante muito tempo julguei que a Fnac era uma loja comercial imune à crise. Sempre que lá ia, estava cheia de clientes, fosse em que secção fosse. As filas para pagamento eram sempre consideráveis. Os funcionários acotovelavam-se para dar resposta a todas as solicitações. Por algum motivo difícil de explicar, a Fnac continuava a ter enorme sucesso comercial em Portugal, alheia à crise económica global que afecta todos os outros sectores do comércio.
Mas a verdade é que as últimas duas ou três vezes em que entrei numa Fnac, senti uma estranha sensação de incomodidade: não vi o frenesim habitual de clientes, não havia filas para efectuar pagamento, quase diria que eram mais os empregados do que os clientes ávidos de comprar. Algo inédito na minha experiência, de muitos anos, como cliente desta loja.
É uma análise totalmente empírica, como é óbvio, mas porventura pode acarretar qualquer coisa de verdade. É o que eu pressinto como mero consumidor que sou. Apesar do sólido projecto que esta loja cultural representa e da revolução que provocou nos hábitos culturais dos portugueses, a verdade é que a Fnac não é imune a críticas nem a conjunturas negativas. Dito de outro modo: é bem possível que a crise tenha também chegado, finalmente, à Fnac.

Almofada "I'm Going To Make Him An Offer He Can't Refuse"


Díptico - 68


"Blast of Silence" (1961) - Allen Baron

"Taxi Driver" (1976) - Martin Scorsese

A diferença da cor da lingerie

No clássico "Psycho" (1960) de Alfred Hitchcock, Marion Crane (Janet Leigh) desdobra-se, inconscientemente, em duas mulheres diferentes. Na primeira parte do filme, Marion Crane é uma mulher púdica, virginal, que revela amor pelo seu marido e denota um grande rigor moral. Durante este período de tempo, Marion usa roupa interior branca.
Num segundo e fulcral momento, Marion Crane mancha a sua inocência ao roubar 40 mil dólares do patrão e fugir da polícia para o motel de Norman Bates. Quando entra no quarto do motel, muda a lingerie e veste uma de cor preta. De forma subconsciente, a mulher anteriormente impoluta, assume a culpa e enegrece o seu estado de alma.
Hitchcock conhecia bem os meandros da mente humana, e este sinal representado pela mudança de cor da roupa interior da actriz principal, resulta num fascinante "case study" psicanalítico. Por isso é que há mestre e depois há os outros.

Buñuel e o preço dos DVD


Saúda-se esta edição de um pack de DVD do Luís Buñuel (um realizador tão esquecido no mercado português de DVD) ainda que os quatro filmes sejam desequilibrados no seio da sua rica filmografia: "Los Olvidados" e "Viridiana" são duas obras-primas; já "Suzana" e "Monte dos Vendavais" são, quanto a mim, filmes menores. O que já não se saúda é o preço exorbitante para levar para casa este pack: 55€.
Alex Rodriguez, editor nomeado para os Oscares 2007 pela montagem do filme "Os filhos do Homem", esteve no festival de cinema de Espinho há dias e disse que o preço do cinema e dos DVD são um roubo. Como é óbvio e perante este exemplo do pack do Buñuel, subscrevo.

Venderam as mãos de tesoura do Eduardo

No mundo do cinema, em tempo de crise, uma das formas de ganhar um bom dinheiro é vender objectos que foram utilizados em filmes de culto, como aconteceu há algum tempo com a pistola que Harrison Ford usou em "Blade Runner". Agora aconteceu com outro objecto de culto de um filme de culto de um realizador de culto. As mãos de tesoura usadas por Johnny Depp no filme "Eduardo Mãos de Tesoura" de Tim Burton foram leiloadas pela Christie's, em Nova Yorque. As mãos de ferro de Depp foram arrematadas por 18,8 mil euros, fugindo à previsão da organizadores do leilão, que não esperava que estes objectos ultrapassem os 5,8 mil euros. O feliz comprador é anónimo.
E a mansão onde vivia Eduardo Mãos de Tesoura não estará também à venda em leilão?

sábado, 27 de junho de 2009

Acabar como Elvis Presley

Adensa-se o mistério à volta da morte de Michael Jackson. Já se fala em overdose como causa da morte e até de crime premeditado por parte de interesses obscuros. Os abusos de álcool, medicamentos e de drogas levam quase sempre a um desfecho como este. E os rumores alastram como uma praga viral. Provavelmente nunca saberemos a verdade dos factos. São formas de eternizar os fenómenos pop. É típico. Aconteceu com quase todos os ícones da cultura popular: Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Marilyn Monroe, Elvis Presley. Todos estes artistas morreram prematuramente, resultante do abuso de drogas e de forma ainda pouco clara. E por falar em Elvis Presley, a sua filha, Lisa Marie Presley, que foi casada com o "rei da pop", veio dizer hoje no seu blogue que um dia Michael lhe confidenciou que temia morrer como o "rei do rock". Ao que parece, o pressentimento concretizou-se de forma cruel. É só mais um facto para perpetuar a mitologia "Michael Jackson".

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson: a melhor capa de jornal

Hoje o mundo do jornalismo assistiu a uma uniformização das capas à escala global devido à morte de Michael Jackson. Quase todos os jornais de referência mundial colocaram em grande evidência a morte do autor de "Thriller". Houve capas para todos os gostos, com fotografias de todos os ângulos e poses do cantor. Mas a capa de jornal que achei mais interessante do ponto de vista visual, veio do jornal brasileiro Extra: recusou o óbvio (que era colocar Jackson na capa, fosse como fosse) e arriscou uma solução gráfica muito bem conseguida em termos de comunicação gráfica: colocou uma enorme mancha negra em toda a capa, só levemente atenuada com o prateado da luva que Michael Jackson costumava usar. É uma capa muito inspirada (e inspiradora), bela e perturbante, e de grande magnetismo visual (carregar na imagem para melhor visualização):

A morte do rei da pop em 20 capas mundiais de jornais.

Um bom cartaz de cinema só na Rússia

A cultura dos cartazes de cinema é um caso à parte em determinados países. Como na Rússia, por exemplo. Neste país os cartazes nada têm a ver com o grafismo sofisticado concebido por Photoshop habitualmente usado no Ocidente. Na terra de realizadores como Eisenstein ou Tarkovski, o marketing para promover um filme é entendido como um exercício pueril e primário. Em vez de fotografias reais dos actores, a Rússia prefere pinturas básicas que distorcem totalmente a realidade. Um primor de mediocridade visual. Estou em crer é que estes cartazes contribuem para a diminuição do número de espectadores nas salas de cinema.
Eis alguns clássicos:

Scooby Doo

Gwyneth Paltrow e Jack Black - “Shallow Hal”

Sandra Bullock e Hugh Grant – “Two Weeks Notice”


Drew Barrymore e Adam Sandler – “50 First Dates”

Momentos e imagens - 16


Momento raro: Marlon Brando é maquilhado para a criação da mítica personagem Don Corleone (“O Padrinho”) com o realizador Francis Ford Coppola em segundo plano.

The end of the Beat (it)

"I was a veteran, before I was a teenager"
Michael Jackson (1958 - 2009)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O gosto cinéfilo de uma estrela porno


Em Outubro último referi neste post que a nova actriz do novo filme de Steven Soderbergh ("The Girlfriend Experience") era especial. A actriz chama-se Sasha Grey, tem 20 anos e uma longa carreira no cinema... pornográfico. Aliás, já ganhou vários prémios atribuídos pela indústria porno (também há uma espécie de Óscares nesta categoria de filmes). 
A questão é que não se trata de uma estrela porno vulgar: Sasha Grey gosta de literatura clássica, lê filosofia existencialista e tem muito bom gosto cinematográfico. Depreende-se, pois, que Soderbergh não a escolheu ao acaso. 
O site Rotten Tomatoes, um dos mais populares sites de cinema na internet, desafiou a actriz a escolher os seus cinco filmes preferidos. A lista é deveras surpreendente e interessante, dado que Sasha escolheu cinco títulos de puro culto cinéfilo (cada um no seu género). Um menu fílmico que nunca imaginaria que pudesse sair facilmente da cabeça de uma jovem de 20 anos com larga experiência no cinema "hardcore". A saber:
5 - "Stroszek" (1977) de Werner Herzog
4 - "Pierrot le Fou" (1965) de Jean-Luc Godard  
3 - "Fat Girl" (2001) de Catherine Breillat
2 - "A Woman Under the Influence" (1973) de John Cassavetes
1 - "Escape From New York" (1981) de John Carpenter

Mais informação aqui.

Woody Allen vai fazer um filme sobre o Hi5

Uma das notícias do cinema mais relevantes dos últimos dias diz respeito à probabilidade quase certa do realizador David Fincher fazer um filme sobre o... Facebook (chamado, claro está, "The Social Network"). Estou para ver que filme sairá da imaginação sempre fértil de Fincher tendo como base um tema (ou um conceito) da internet.
É provável que, com a actual crise do cinema, a indústria explore novas possibilidades e novos filões. Depois da febre dos remakes e das sequelas, os filmes sobre conteúdos e programas da internet poderão ser o próximo passo dos produtores. Com este exemplo do David Fincher a realizar um filme sobre o Facebook, lembrei-me que seria bem curioso que outros exemplos acontecessem.
Do tipo:
- David Cronenberg realizar um filme sobre o Twitter
- Anton Corbijn realizar um filme sobre o Myspace
- Michael Haneke realizar um filme sobre a blogosfera
- Lars Von Trier realizar um filme sobre o MSN
- Woody Allen realizar um filme sobre o Hi5
- Pedro Almodóvar realizar um filme sobre o sistema operativo Linux
- Michael Mann realizar um filme sobre o i-Tunes

A cultura Samurai no cinema


Quem gosta de filmes com samurais, tem de ler este artigo.
Na imagem, “Yojimbo” (1961) de Akira Kurosawa.

Os instrumentos musicais têm apenas 35 mil anos?


Não me espanta esta notícia: a descoberta de uma flauta de osso (de grifo) com mais de 35 mil anos, foi encontrada no sudoeste da Alemanha. Os especialistas indicam que se trata do instrumento musical mais antigo até agora encontrado, sendo que os mais antigos que se conheciam remontavam há 30 mil anos. Digo que não me espanta porque já se sabia que o primeiro instrumento criado (e tocado) pelo homem foi a flauta (de madeira ou de osso) e porque acredito que se fazia música muito antes ainda antes deste período. O Homo sapiens, a nossa espécie, apareceu na Terra há cerca de 200 mil anos atrás. Só terá começado a sentir a pulsão e necessidade da música há 35 mil anos? Não há provas que assim tenha acontecido (no sentido da descoberta arqueológica), mas eu acredito que a música tenha feito parte da vida do homem há muito mais de 35 mil anos.
Aliás, se acreditarmos em Pitágoras, a música existe há muito mais tempo que o homem na terra: para o filósofo grego, o cosmos era o maior, o mais belo e o mais complexo instrumento musical, cujas melodias são entoadas pelo movimento dos planetas e das estrelas (a harmonia da "música das esferas").

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A história do jazz através das capas dos discos

Joaquim Paulo tornou-se num caso único em Portugal: foi o primeiro português a editar um livro pela prestigiada e famosa editora de arte (e não só) Taschen. Foi a sua paixão pelo jazz e pelos discos de vinil que o levou a propor ao sr. Benedict Taschen (patrão da editora) a edição de um livro integralmente constituído por capas de discos. Ou seja, representar a história do jazz através das capas dos discos. Para tal, Joaquim Paulo socorreu-se da sua impressionante coleccção privada de discos, nada menos que 25 mil títulos, espalhados cuidadosamente por estantes que preenchem as paredes da sua casa.
Durante dois anos Paulo seleccionou os discos e compilou testemunhos de personalidades-chave ligadas à arte gráfica, engenheiros de som e produtores de jazz. E assim surgiu "Jazz Covers", um magnífico livro que reproduz cerca de 700 capas de vinis de jazz, que vão dos anos 1940 ao final da década de 1990, e seleccionados da riquíssima discoteca pessoal de Joaquim Paulo. Contém ainda fichas técnicas detalhadas, comentários e entrevistas que contextualizam historicamente cada vinil. Grandes nomes do jazz – entre outros mais desconhecidos – estão representados nesta edição músicos imortais como Miles Davis, Chet Baker, Thelonious Monk, John Coltrane, Ornette Coleman, Count Basie, Art Blakey, Bill Evans, Ella Fitzgerald e Chick Corea. Curiosamente, nenhum músico ou disco português está representado. O esforço por este trabalho foi compensador: para além das excelentes críticas obtidas e das boas vendas em todo o mundo, "Jazz Covers" foi distinguido no final de 2008, como o melhor livro de jazz editado, prémio atribuído pela importante Academia Francesa de Jazz. Selo de qualidade, portanto.

Como é que Joaquim Paulo conseguiu levar a cabo esta aventura editorial tão exigente? Qual foi o seu método para, no meio da vastidão de 25 mil discos, conseguir escolher apenas 700? Como relaciona o design gráfico das capas com a própria música jazz (estética musical vs. estética visual)? É verdade que o autor português se encontra já a preparar uma futura edição, também pela Taschen, dedicada às capas de disco de soul e funk?
Estas e outras perguntas terão, certamente, resposta, na tertúlia hoje à noite no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda: "A História do Jazz Através das Capas dos Discos", com a presença de Joaquim Paulo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Caos Calmo de Moretti


Do press-release da Midas Filmes: "Caos Calmo", um filme de Antonello Grimaldi com Nanni Moretti, a partir do premiado romance de Sandro Veronesi vai ser lançado em DVD esta semana pela Midas Filmes. A edição do filme, um retrato comovente sobre o luto de um pai e da sua filha após a morte inesperada da mãe, aplaudido pela crítica e pelo público aquando da estreia em Portugal, conta com um conjunto extraordinário de extras, entre os quais três entrevistas - com o realizador, o protagonista e o escritor do romance"
O DVD encontra-se já à venda.

Beirut ao vivo


Zach Condon, líder do grupo Beirut, tem o trompete e o ukelele como os seus principais instrumentos. A sua voz é delicodoce, e canta fraseados lamurientos e encantadores, com base numa composição instrumental de eleição. Editou em 2006 um excelente álbum de estreia que teve como matéria prima inspiradora a música tradicional dos Balcãs, "Gulag Orkestar". Depois de um menos disco menos inspirado (ainda assim interessante) lançado em 2007, "The Flying Club Cup", o projecto Beirut lança agora um disco ao vivo, no qual Zach Condon revela o seu especial talento na mistura cirúrgica que faz das referências musicais do mundo.
Sacar o disco em mp3 aqui.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momentos e Imagens - 15


Um descontraído David Bowie a ler o jornal na rua (anos 60)

Um atónito Miles Davis nos anos 50: o álcool fez das suas.

The Red Queen, by Tim Burton


De todas as novas imagens divulgadas do filme "Alice no País das Mravilhas" de Tim Burton, a que gosto mais é esta, com a actriz Helena Bonham Carter, no papel de Rainha Vermelha. O rico e surreal estilo visual de Burton vai fazer, certamente, história. O filme estreia apenas no dia 5 de Março de 2010.

Sónar para crianças


O sucesso do festival de música Sónar, que terminou há dias em Barcelona, não se restringiu apenas ao excelente cartaz de artistas ou à incrível afluência de público (mais de 80 mil pessoas este ano). Esta edição contou com uma secção inovadora e que teve, igualmente, muito boa receptividade: SónarKids. Isso mesmo: uma secção de música e divertimento especialmente pensada para crianças (acompanhadas pelos respectivos pais), mas sem a Hannah Montana ou a cultura Disney.
Estavam previstas 3 mil pessoas ao longo de três dias de Festival, mas o público júnior afluiu em massa, contabilizando mais de 5 mil entradas. Contam os relatos vindos de Espanha que os papás e crianças faziam fila à entrada do pavilhão onde decorria este SónarKids, logo às 10 da manhã, para acorrer às dezenas de actividades programadas. Actividades relacionadas com música - desde hip-hop a electrónica, a sessões lúdico-pedagógicas multimédia pensadas para o imaginário infantil. Uma excelente iniciativa para formar novos públicos para as actividades culturais em geral e para a música em particular.
Nota paralela: a Cinemateca Portuguesa criou há algum tempo um conceito semelhante - a Cinemateca Júnior, para estimular o gosto pelo cinema das crianças e jovens.

domingo, 21 de junho de 2009

O elevador de Malle e o trompete de Miles


Filme "Fim-de-Semana no Ascensor" (1958) de Louis Malle (música de Miles Davis)

As novidades sobre a vida e obra de Tarkovski


Há novidades sobre o festival "Zerkalo", dedicado ao realizador russo Andrei Tarkovski. O festival terminou no dia 31 de Maio e permitiu conhecer, pela primeira vez, novos documentários e filmes relacionados com a obra e a vida de Tarkovski. Uma sinopse das novidades que este festival trouxe ao universo tarkovskiano (em castelhano) aqui.

Herzog ao alcance de um clique


Werner Herzog - cineasta que esteve no último Festival Indie Lisboa - foi considerado um dos mais originais cineastas do chamado "movimento do novo cinema alemão", com Wim Wenders, Fassbinder ou Schlöndorff. Nunca fui um admirador incondicional, ainda que goste imenso dos filmes que fez com Klaus Kinski e de dois filmes recentes - "Grizzly Man" e "Rescue Dawn". Desconheço alguns títulos importantes da sua filmografia. Agora terei possibilidade de colmatar esta falha: para quem quiser conhecer melhor a bora de Werner Herzog, um dos mais iconoclastas e originais realizadores alemães dos últimos 30 anos, pode acompanhar o ciclo especial que o blogue My One Thousand Movies está a dedicar ao realizador. Está prevista a colocação online de 19 filmes de Herzog, número considerável no âmbito da sua filmografia de cerca de 50 títulos. O autor do blogue promete colocar alguns filmes de culto de Herzog como "Fritzcarraldo", "Aguirre", ou "Kaspar Hauser", assim como um punhado de curtas-metragens raras do cineasta alemão, como o filme da estreia absoluta de Herzog no cinema - a curta-metragem "Herakles" de 1962.
Serviço público de primeira categoria, portanto.

O dia do fim do mundo já tem filme oficial

As profecias do apocalipse e do fim do mundo sempre existiram ao longo da história da Humanidade, com especial ênfase para as profecias de Nostradamus e do povo Maia, que tinha um conhecimento avançado da Astronomia e Astrofísica. 
O calendário Maia prevê que no dia 21 de Dezembro de 2012 (dia do solstício de Inverno) haverá um acontecimento muito grave à escala planetária, capaz de mudar o mundo tal como o conhecemos. Actualmente sabe-se que no momento do solstício a Terra está alinhada com o Sol e com o centro da nossa Galáxia, a Via Láctea. No centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo. Baseado em Einstein e nos conhecimentos astronómicos mais recentes, há quem diga que o alinhamento com este buraco negro levará a uma mudança do campo magnético terrestre, que acontece periodicamente. Isto poderá provocar uma onda destrutiva de tsunamis, vulcões, terramotos, etc.
Em suma, com base num misto de profecias maias, especulação científica, crendice e charlatanismo, o fim do mundo tal como o conhecemos, tem data marcada. Aponte na agenda: 21 de Dezembro de 2012. Não faltam na internet sites que exploram este acontecimento, com contagem decrescente e tudo.
Como não podia deixar de ser, o cinema aproveita-se destas anunciadas catástrofes para fazer render o peixe. E que melhor especialista para tal empreitada do que o realizador Roland Emmerich, o profeta da destruição com filmes como "Godzilla" (1998), "O Dia da Independência" (1996) e "O Dia Depois de Amanhã" (2004)? À conta de Emmerich, as grandes cidades do mundo (sobretudo Nova Iorque) já foram dizimadas várias vezes, com prazer quase sádico. Ora, aproveitando a proximidade do suposto fim do mundo, o realizador está a finalizar o seu novo filme catástrofe, chamado, pois claro, "2012". Pelo que o trailer deixa antever, desta vez o grau de destruição explorado no novo filme de Emmerich não deixa pedra sobre pedra. Mar, terra, ar e fogo irão tragar a civilização, reduzindo-a a poeira cósmica. Claro que pelo meio da devastação, como é habitual nos argumentistas de Hollywood, há a história de uma família (com crianças pequenas, o pai é John Cusack) que tenta salvar-se do dia do juízo final (e há-de conseguir)...
Há que convir que o trailer de "2012" é visualmente convincente e impressivo, fruto da cada vez maior sofisticação dos efeitos especiais digitais. A principal questão passa mesmo por aqui: muito provavelmente, o filme de Roland Emmerich esgota-se na sua própria parafernália visual e da apoteose destrutiva global para encher o olho, deixando para segundo plano a substância do argumento (com os clichés do costume) e das interpretações (estreia em Novembro). O Apocalipse está perto...

sábado, 20 de junho de 2009

Momentos e Imagens - 14


Errol Flynn com uma adolescente Brigitte Bardot.

Centenário de Errol Flynn


Errol Flynn nasceu há 100 anos. Entrou no cinema por mero acaso. Era apenas um figurante que viria a substituir (pela sua boa aparência) o actor principal no épico de aventuras "Capitão Blood" (1935), de Michael Curtiz. A fama surgiu da noite para o dia. Filmes de aventuras e de capa e espada, nos quais Errol desempenhava sempre o papel de herói romântico, foram as contribuições principais do actor na história do cinema (lembro-me bem de ver os filmes de aventuras de Errol Flynn na televisão quando era miúdo, aos sábados à tarde). Errol Flynn cultivou um estatuto de vedeta e de herói cinematográfico que hoje em dia, simplesmente, já não existe.
Rebelde e hedonista, verdadeiro Don Juan empedernido, rico e famoso, a sua vida fora dos ecrãs conseguiu ser ainda mais aventureira e boémia. O seu lema de vida, disse-o um dia, baseava-se simplesmente nesta premissa: "I like my whisky old and my women young.” Marilyn Monroe chegou a dizer que, numa festa privada, Errol Flynn, embriagado, tocou piano com o... pénis. Devido aos excessos, acabou por ver a sua saúde ressentir-se e, no período do pós-guerra, a sua carreira começou a entrar, lentamente, em declínio. Passou os últimos anos da sua vida no seu iate ancorado num porto da Jamaica, onde escreveu a sua biografia, que viria a ser publicada postumamente. Morreu com apenas 50 anos.
Neste dia dos 100 anos do nascimento deste ícone de Hollywood, a RTP em boa hora programou uma noite especial sobre o actor:
- Às 20h48 transmite o recente documentário "Tasmanian Devil: The Fast and Furious Life of Errol Flynn".
- Por volta das 22h44, o clássico filme de aventuras, "O Gavião dos Mares" (1940).
- E já perto da 1 da madrugada, "O Rebelde Aventureiro" (1953).

Medo da música?


Estava a folhear a revista The Wire quando reparei no destaque dado a um livro com o sugestivo título "Fear of Music: Why People Get Rothko But Don’t Get Stockhausen", lançado há pouco tempo no mercado britânico. O autor é David Stubbs, jornalista especializado em música de cariz mais experimental e vanguardista com larga experiência na crítica musical em jornais/revistas como NME, Guardian, The Wire, Uncut, entre outras. O ponto de partida deste livro é muito, mas mesmo muito interessante: a arte moderna é um fenómeno de massas, sendo que as obras de artistas vanguardistas e experimentais como Mark Rothko, Francis Bacon ou Damien Hirst são bem acolhidas pelo público (como atestam as grandes afluências aos museus de arte contemporânea ou a atenção da comunicação social), enquanto que a música com raízes históricas e estéticas semelhantes, não recebe o mesmo tratamento.
Dito de outra forma, apesar da vanguarda estética ligada às artes plásticas e à música ter surgido, grosso modo, num mesmo contexto histórico e num percurso evolutivo paralelo, a música de cariz experimental (com o paradigma centrado no compositor alemão Stockhausen e no americano John Cage) nunca foi tão bem aceite como as artes plásticas experimentais. Porque é que as pessoas têm "medo da música" mais vanguardista e não têm preconceitos em aceitar as obras abstractas de um Rothko? Será porque as pessoas "compreendem" melhor a linguagem plástica do que a musical/sonora? Têm naturalmente menos predisposição intelectual e curiosidade artística para a música experimental? É uma linguagem mais hermética, cerebral, enquanto que as artes plásticas, por serem visuais, se tornam mais acessíveis? Há uma valorização cultural distinta entre a criação musical e a plástica?
Eu ainda não li o livro, mas talvez David Stubbs contribua para esclarecer o assunto.
O livro pode ser folheado aqui.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

As pinturas más do presidente


O Ípsilon de sexta-feira publica uma grande reportagem sobre o poder comunicativo dos cartazes (políticos e não só), tendo como paradigma moderno o célebre retrato de Barack Obama, em tons de vermelho e azul ("Hope"), feito pelo artista Shepard Fairey e utilizado na campanha presidencial. Na verdade, Barack Obama parece ser uma fonte inspiradora para artistas de todo mundo. Com resultados mais ou menos conseguidos.
Paradigmático é o site Bad Paintings of Barack Obama, que revela ao mundo os retratos (pinturas, desenhos...) francamente maus do presidente americano. A autoria de tamanhas "obras de arte" não está identificada, mas algumas pinturas parecem ter sido feitas por alunos da escola primária ou por artistas manifestamente pouco talentosos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Björk - para um Tibete livre


É o tema mais abrasivo e industrial do álbum "Volta" de Björk. Os sons dos samples arranham ferozmente ao ritmo de uma batida marcial e de um discurso claramente politizado. É uma música que tem servido de arma de arremesso político nos concertos que a cantora islandesa tem dado um pouco por todo o lado. Tudo em favor de um Tibete livre. A canção chama-se, sem rodeios, "Declare Independence". Na altura da edição do disco "Volta", as autoridades chinesas lançaram um comunicado afirmando que, por causa desta ousadia, Björk não voltaria a colocar os pés na China. Pouco importou à cantora, que continuou a pedir, em todo o mundo, o regresso da liberdade ao martirizado povo tibetano.
"Declare Independece" é, pois, uma contundente declaração de independência, em forma de luta musical. Neste concerto, Björk faz-se acompanhar por um grupo de jovens cantores e instrumentistas vestidos com as cores da bandeira do Tibete e o espectáculo visual é deveras magnífico (com o público a ajudar levantando as bandeiras sempre que se ouve a ordem "Raise Your Flag!").
Esta actuação faz parte de uma edição limitada (2 CD + 2 DVD) intitulada "Voltaic", que irá ser colocada à venda no dia 30 de Junho.
Declare independence!
Don't let them do that to you!
Declare independence!
Don't let them do that to you!

Start your own currency!
Make your own stamp
Protect your language
Make your own flag!

Raise your flag!
Damn colonists

Ignore their patronizing
Tear off their blindfolds

Declare independence!
Don't let them do that to you!
Declare independence!
Don't let them do that to you!

Raise the flag!
Open their eyes

Terror no Hotel Paradise com música a condizer

Parece um filme de animação da Betty Boop dos anos 1930: a estética a preto e branco, personagens em constante movimento rodopiante, situações visuais surrealistas. Mas não é. É um videoclip musical realizado há menos de 10 anos - em 2000 - por Raymond Persi e Matthew Nastuk, para uma música da magnífica big band Squirrel Nut Zippers. O tema chama-se “Ghost of Stephen Foster” e encaixa na perfeição no ritmo visual da animação. A história de um casal que vai pernoitar num hotel chamado “Paradise” que esconde divertidos e sinistros segredos (assim como um fantasma cantor). Um dos grandes e irresistíveis videoclips dos últimos 10 anos (e se esta música fizer lembrar os Gogol Bordello, isso não se deve a uma mera coincidência).

Momentos e Imagens - 13


O camaleónico actor Lon Chaney (1883 - 1930), protagonista de "O Fantasma da Ópera" (1925), mostra o seu kit de maquilhagem/caracterização.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Maradona e Robert De Niro


A determinada altura do documentário “Maradona by Kusturica”, o realizador pergunta ao astro do futebol qual o actor de cinema com o qual mais se identifica. A resposta foi pronta: Robert De Niro. Intuitivamente, Kusturica completa a resposta do jogador com: “De Niro de «O Touro Enraivecido». Só podia. Maradona explica porquê: ambos são lutadores, feitos da mesma fibra combativa e força natural, combatentes árduos mas com percursos de vida sinuosos. A única diferença é que Jack La Motta (interpretado por um notável De Niro) combatia num ringue de boxe, enquanto que o futebolista argentino combatia num campo relvado (e Maradona acabou por ser também um combatente pela própria vida, devido ao abuso de cocaína e álcool).
O filme de Kusturica, realizado entre 2005 e 2007 (e apresentado no Festival de Cannes 2008 e no Indie Lisboa), é um interessante documento sobre o génio do futebol mundial. Kusturica enobrece a lenda viva que é Maradona, explora a sua visão do mundo, da política, do seu apogeu e queda para a arte do futebol. Particularmente feliz e original é a música que acompanha as sequências dos golos de Maradona: “God Save the Queen” dos Sex Pistols. Esta opção vai ao encontro de um grito de revolta perante os sentimentos políticos de Maradona para com Bush e os líderes políticos ingleses. Um grito de revolta musical que tem ligações à guerra das Malvinas e teve a sua apoteose simbólica no célebre e imortal jogo entre as selecções da Argentina e da Inglaterra no Mundial do México '86 (o tal em que Maradona marcou dois golos míticos, um dos quais com a famosa “mão de Deus”).
E por falar em Deus, o documentário mostra a loucura colectiva que idolatra Maradona como um Deus (com a anedótica “Igreja Maradoniana”). Sempre que o jogador surge em Público - como no regresso, 15 anos depois, à cidade de Nápoles - onde Maradona teve o seu apogeu futebolístico - um impressionante fervor colectivo toma conta de tudo e de todos. O povo não se limita à simples saudação. Manifesta-se, de forma ruidosa e histérica, com cânticos de louvor incondicional ao ídolo. Maradona continua um fenómeno único, e neste documentário, a essência da sua força (e fraqueza) é captada superiormente pela câmara de Emir Kusturica.

Quando os livros eram queimados


Ao visitar o Iraque em 2003 para investigar a destruição de bens culturais daquele país após a invasão dos EUA, o escritor e investigador venezuelano Fernando Báez deparou-se com Emad, um jovem estudante de História na Universidade de Bagdad, que lhe perguntou porque é que o homem destruía tantos livros. Apesar de ser um especialista na matéria, Báez ficou calado nesse momento e a resposta veio em forma de livro um ano depois: "História Universal da Destruição dos Livros", um relato extenso e bastante completo concebido por uma autoridade no campo da história das bibliotecas e também por um apaixonado pelos livros desde a infância.
As formas de destruição de livros evoluíram conforme a época e os métodos utilizados: desde desastres naturais ou provocados, passando pelas simples ordens religiosas ou políticas de queima de livros inconvenientes até furtos em equipamentos culturais como bibliotecas, arquivos e museus de onde são furtados títulos com o objectivo de alimentar uma rede de compradores espalhados pelo mundo. A história da Humanidade está repleta de relatos de destruição de livros. Apesar do significativo trabalho dos religiosos copistas, é bastante conhecido o trabalho de censura e de destruição de livros pelo regime nazi ou pela Santa Inquisição. Hoje, a Igreja Católica já não queima livros, mas adopta outro método mais subtil: aconselha aos seus fiéis a não lerem "O Código da Vinci", de Dan Brown, como também já o fizeram as autoridades religiosas islâmicas em relação aos "Versos Satânicos", de Salman Rushdie, considerado um inimigo do Islão.
Este livro tem relação com o célebre filme de François Truffaut.

O fanatismo nazi a queimar livros na praça pública em 1933.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Discos que mudam uma vida - 65


Hüsker Dü: "Zen Arcade" (1984)

Do CCB, gosto da vista, da Gulbenkian, o jardim

Retirei de propósito a letra do refrão da canção mais conhecida dos Deolinda, "Fon Fon Fon", porque o que me parece mais interessante são as três quadras que fazem parte da canção e se seguem: repletas de ironia, humor e sagacidade (diria mais: reflectem uma visão da música e da cultura muito característica de certas pessoas):

Os meus pais já me disseram:
Ó Filha, não sejas louca!
Que as Variações de Goldberg
p'lo Glenn Gould é que são boas!

Mas a música erudita não faz grande
efeito em mim: do CCB, gosto da vista;
da Gulbenkian, o jardim.
Gozam as minhas amigas
com o meu gosto musical
que a cena é “electroacústica"
e a moda a “experimental”...

E nem me falem do rock,
dos samplers e discotecas,
não entendo o hip-hop,
e o que é top é uma seca!

Quem quiser ouvir a música.