domingo, 29 de novembro de 2009

A morte do "Rei Lagarto"


Vi no Biography Chanel um documentário sobre os últimos dias de Jim Morrison. Como ícone da cultura rock da década de 60, o líder e vocalista dos The Doors sempre pautou a sua vida com o gosto pelo risco, vivendo sempre no fio da navalha (à beira do abismo, dizia Nietzsche). As suas maiores referências literárias, Rimbaud e Baudelaire, cedo exerceram grande fascínio no espírito jovem de Jim Morrison. Por vezes dizia aos amigos que um dia desapareceria do circo mediático e da fama - que consumia as suas energias - simulando a sua própria morte. Achava que já tinha atingido o zénite da sua arte aos 27 anos, tal como Rimbaud tinha atingido o auge criativo aos 18 anos com os seus mais importante poemas simbolistas.
O dito documentário, em vez de tentar esclarecer objectivamente o contexto da causa da morte de Morrison, lança a confusão com várias teorias contraditórias que ainda hoje são discutidas, 40 anos após os acontecimentos. A versão oficial refere que o cantor maldito dos Doors - o "Rei Lagarto" - morreu na banheira devido a uma overdose de drogas, sendo o corpo descoberto pela namorada. Mas há quem assegure que a morte ocorreu numa discoteca de Paris e que o corpo foi levado para o apartamento, ou que Morrison encenou a sua própria morte para se livrar das pressões da fama. Exactamente o que se disse em relação à morte de Elvis Presley, Jimi Hendrix, Janis Joplin ou Kurt Cobain.
Curioso foi o comentário de um amigo que fechou o documentário dizendo mais ou menos isto: "Não acredito que Jim Morrison encenasse a sua própria morte. O Morrison que eu conheci não conseguiria estar 40 anos sem, de uma forma ou de outra, voltar à ribalta." Afinal de contas, a fama deve ter um poder tão forte de sedução quanto de repulsa. E por vezes, estes poderes contraditórios fundem-se e geram o fascínio dos mitos culturais eternos.

2 comentários:

cão sem raiva disse...

Penso que vi esse mesmo documentário mas num canal francês, há um ano atrás, mais coisa menos coisa. A versão da banheira (a do filme de Oliver Stone) não me satisfaz. A da discoteca de Paris, sim. Segundo uma testemunha, Morrison ter-se-á sentido mal nessa discoteca, depois levado para o apartamento e metido na banheira numa tentativa de reanimação. Não terá sido um acto isolado nem tão pacato nem tão «romântico» como no filme.

F disse...

It doesn't matter what a man does with his life. What matters is the legend that grows up around them.

http://www.youtube.com/watch?v=tHk_HALSVKo