quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O novo Tarantino


Admiro profundamente os dois primeiros filmes do realizador Quentin Tarantino: "Reservoir Dogs" (1992) e "Pulp Fiction" (1994). Duas obras-primas essenciais da década de 90. Tarantino resgatou referências do cinema de acção e violento de série B dos anos 70 e redefiniu-o com uma linguagem estilística repleta de energia e originalidade esfuziante. "Jackie Brown" (1997) e o díptico "Kill Bill" já não me entusiasmaram tanto. O último filme de Quentin Tarantino, "Death Proof" (2007), achei um exercício de exacerbada, presunçosa e redundante citação cinéfila, sem rasgos criativos como outrora.
Agora, a esperança renasce com o aguardado "Inglourious Basterds" (estreia em Agosto), sobre a França ocupada durante a segunda Guerra Mundial (Brad Pitt como actor principal). Vi o trailer já há tempos e, apesar de ser prematuro arriscar qualquer prognóstico, a verdade é que não vislumbrei quaisquer novidades estéticas. Será que Tarantino se quer auto-citar e parodiar o resto da carreira? Depois, a "tagline" usada para promover o filme irrita-me pela sobranceria que acarreta: "You haven't seen war until you've seen it through the eyes of Quentin Tarantino". Pois.
Muito mais cínico e pessimista em relação ao novo Tarantino está o crítico de cinema Paul Maclness do jornal britânico The Guardian. Sem pejo nas palavras, refere mesmo que "Inglourious Basterds" será o "pior filme jamais feito", e que "o realizador já não tem mais nada de novo a dizer". Será o fim do culto Tarantino? Esperemos para ver.
O artigo desenvolvido do Guardian.

16 comentários:

Francisco Maia disse...

ditto

Luís Mendonça disse...

Ou isso ou então será o maior filme alguma vez feito. Não se deve subestimar tanto o Tarantino, que tem como último filme a coisa mais inovadora que o cinema norte-americano nos trouxe nos últimos anos: não são os "Kill Bill", mas o "Death Proof".

Francisco Maia disse...

Peço desculpa ao Luís, mas...

Atirar coisas ao ecrã e fazer filmes autistas e masturbatórios a ver se lhes chamam arte moderna não é inovação. Estou a falar de Deathproof. Faz-me lembrar todas essas bandas que se armam em estranhas porque "estranho" está na moda.

Deathproof, excluindo os primeiro (mesmo assim medíocres) 30 minutos, é puro lixo egocêntrico.

O mesmo vai para este filme. "..the eyes of tarantino..." essa frase deu-me uns vómitos...

Acho que é da desilusão. Este era o filme em que o Tarantino era suposto elevar-se ao estatuto de mestre. Não descer ao de um realizador que teve "sorte de principiante". Passo a hipérbole.

Álvaro Martins disse...

De acordo com o Francisco Maia.

hg disse...

Tarantino há muito que se arrasta. Copiou demasiada coisa em pouco tempo e agora desespera por sangue novo que talvez nunca lhe tenha corrido realmente nas veias. Eu já não tinha muitas expectativas, mas ainda alguma esperança, de que Tarantino voltasse a realizar um filme que valesse realmente a pena. Mas aquilo que o trailer parece anunciar é a morte definitiva de alguém que, ainda assim, já merece um pequeno espaço na história do cinema pelos primeiros filmes que fez.

::Andre:: disse...

Porquê comparar? E para quê? Alguém perguntou ao Tarantino se queria ser mestre? E hg, está-se a arrastar por não te ter agradado? Eu cá me divirto com os filmes dele, Death Proof incluído e é isso que me interessa.
Paul Maclness tem muito tempo livre, sorte a dele.

Francisco Maia disse...

Realmente numa coisa o ::André:: tem razão: ninguém sabe o que quer Tarantino.

Mas...um homem que homenageia Godard na sua própria obra e empresa, que corta e cola cenas e moods de filmes da Nouvelle Vague e que quase tem um esgotamento nervoso ao escrever Kill Bill com medo de não agradar, ambiciona por algo mais, certamente.

Ou quem sabe queira ser o Stephen King do cinema...é porque é para aí que caminha: o criador de obras "popcorn" que um dia foi chamado de génio.

Jorge disse...

Mas alguém já viu "Inglourious Basterds"?
Que tal ver primeiro e criticar depois?

Francisco Maia disse...

Chama-se "antevisão". Depois criticamos outra vez ;)

Jorge disse...

Ok, Francisco, está bem visto. Façamos então a antevisão. :)
Sendo assim, discordo completamente da tua opinião sobre o Tarantino. Reconheço que "Cães Danados" e "Pulp Fiction" são claramente filmes de outra dimensão, mas "Death Proof" e "Kill Bill" são filmes fantásticos, do melhor que se faz pelas terras do Tio Sam.
Mas neste momento a moda parece ser criticar realizadores consagrados ("Os últimos filmes do Tarantino são maus"; "O último filme do Clint Eastwood é banal"; "O Revolutionary Road do Sam Mendes é fraco") e premiar filmes de qualidade duvidosa como o "Slumdog Millionaire".

Francisco Maia disse...

Concordo com o que tu dizes de "estar na moda criticar realizadores" mas se de vez em quando caio nesse erro de me precipitar ao julgar, este não é o caso. É que foi um desapontar progressivo.

Eu não acho Kill Bill um filme mau. De todo. Acho mesmo que é refrescante e uma visão inovadora de códigos pré-estabelecidos.

O Death Proof já não. Achei simplesmente que o T. achou que tinha de ser diferente. Ele tornou-se um realizador de gimmick e como se isso não bastasse, vai aliando-se às pessoas erradas: desde Rodriguez (não tenho nada contra ele mas Zombie Planet sucks) e Eli Roth (tenho muito contra ele). Não que os seus filmes sejam banais! Longe disso! Mas ser destacado apenas por ser diferente não é um destaque honesto.

Com isto dito, ainda não perdi a esperança para o Basterds. Afinal de contas, não é o realizador que faz os teasers. A ver vamos...

hg disse...

André: sorte a tua se ainda te consegues divertir com os mais recentes filmes do Tarantino. Gostaria de o conseguir. Claro que isto das opiniões/gostos tem muito que se lhe diga. Mas eu, na minha opinião, achei o Death Proof francamente mau. Em comparação com filmes anteriores do Tarantino achei os diálogos fracos e se era para 'avacalhar' então que o fizesse em grande. Isto, obviamente, na minha opinião. Também sei que alguns criticos da nossa praça adoraram, mas isso não legitima nada.
Em relação ao Kill Bill, quanto mais decubro filmes nipónicos série Z mais me apercebo o quanto Tarantino roubou cenas completas a outros filmes. E não falo aqui de inspiração ou algo parecido... a expressão tem mesmo de ser roubar à descarada e colocar, tal e qual, no seu filme e assinar por baixo. Na minha opinião, acho os 3 primeiros filmes de Tarantino brilhantes e acho Kill Bill um objecto apenas divertido. Claro que o Tarantino pode fazer o que bem entender. Eu é que não sou obrigado a continuar a acompanhar o seu percurso. Felizmente para ele ainda há pessoas que apreciam.

Irregular: claro que aqui só se pode estar a falar do trailer. E a partir do trailer os meus receios ficam, para já, confirmados. Espero sinceramente estar enganado e vir a ter uma agradavel surpresa numa qualquer sala de cinema quando o filme estrear. Adoro ir ao cinema e gostar de um filme e não tenho nenhum prazer sádico em detestar filmes.
No caso de se falar mal dos realizadores eu actuamente só digo mal (muito mal) de um: Woody Allen. E com esse sim, cortei relações. Fartei-me de tanto chapinhar no lodo. Talvez haja quem ainda se divirta com aquilo, mas também há gente com gostos para tudo. E estou contigo no que ao Slumdog diz respeito. O Danny Boyle lá conseguiu 'enganar' meio mundo com um filme tão oco. Aquele argumento merecia melhores mãos. I think...
:)

Unknown disse...

Discussão animada esta ;)
Da parte que me toca, insisto que estou muito renitente em relação ao próximo Tarantino. A não ser que se revele uma explosão de criatividade sem citações cinéfilas mais do que estafadas, o mais certo é que "Inglourious Basterds" seja redundante e cansativo.
Mas como alguém disse, por mais filmes dispensáveis que faça o resto da vida, ninguém lhe tira o lugar cativo na história do cinema pelos dois primeiros filmes da década de 90.

Tiago Costa disse...

O Death Proof é um penoso e repetitivo exercício da mais extrema auto-indulgência. Ainda assim, gosto tanto da sua restante obra que só posso estar expectante em relação ao novo filme. Espero que o Proof tenha representado apenas um periodo momentâneo de falta de criatividade.

Anónimo disse...

Pulp Fiction ainda é o melhor, mas, com certeza, Inglorious basterds é um grande filme que além de prender a sua atenção do começo ao fim ainda dá uma aula de história com fatos que sempre ficam de fora de outros filmes de guerra.A trilha sonora como sempre é 10,os atores estão ótimos e todo o filme é recheado de humor negro.Simplesmente fantástico.
Eu não acho que o tarantino esteje no fim.Muito pelo contrário,ele ainda é jovem e ainda vai dar muito o que falar.Ele não é nenhum steven spielberg.

Anónimo disse...

Outra coisa,pra quem não sabe,death proof e planet terror do robert rodriguez fazem parte de um único "grande filme" intitulado Grindhouse,que eram salas de cinema que exibiam filmes trash tipo B.Esses dois filmes são apenas uma homenagem que esses diretores fizeram a esses tipos de filmes daí o resultado.
Eu os achei bem divertidos,eu acho que cumpriram bem o seu papel.Outra coisa,não vale a pena gerar muita expectativa quanto a filmes,isso só gera frustação no final.Não se pode agradar a gregos e troianos não é mesmo?