quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um Woody menor


Uma desilusão.
"Vicky Cristina Barcelona" é uma comédia em piloto automático, um argumento previsível e sem originalidade, uma realização morna e longe dos rasgos de criatividade de outrora do cineasta de Nova Iorque. Woody Allen é exímio a escrever diálogos, criar personagens e situações dramáticas (ou cómicas) de grande intensidade, mas esta última obra do realizador deixou-me completamente indiferente. E é a primeira vez, em muitos anos, que me sinto isso ao ver um filme do Woody Allen (e ainda há dias escrevia sobre a genialidade de um dos seus mais esquecidos filmes).
Os temas do filme são habituais na obra de Woody Allen: encontros e desencontros sentimentais, a procura do amor, dúvidas e incertezas perante romances e paixões, a fragilidade das relações amorosas, etc. Mas o realizador já fez melhor, muitíssimo melhor. O narrador é profundamente monótono e só atrapalha o desenrolar da história, as belas imagens da cidade de Barcelona mais parecem postais ilustrados do que cenários da acção. Salvam-se as óptimas interpretações de Javier Bardem, Scarlett Johansson, Penélope Cruz (nomeada ao Óscar por esta interpretação) e, sobretudo, da ainda pouco conhecida actriz Rebecca Hall, que me parece uma actriz que emana reminiscências de uma Diane Keaton ou Mia Farrow.
"Vicky Cristina Barcelona" é uma comédia, a espaços divertida, mas genericamente desinteressante, longe da profundidade e grandeza artística de outras obras recentes de Woody Allen, como o espantoso "Match Point" (2005) ou "Cassandra's Dream", como referi aqui.

6 comentários:

Anónimo disse...

Não propriamente DESILUSÃO, mas sim saturação, habituação... e todos esses derivados.
Assinado: PGA

Anónimo disse...

todos temos direito aos nossos pontos baixos :P

Anónimo disse...

As expectativas são sempre muito levadas, especialmente depois de um filme soberbo como o Match Point...

F disse...

nã senhor. Não concordo. Gostei da abordagem feita ao tema.

Anónimo disse...

Também não concordo. Apesar de anos luz dos seus melhores filmes gosto da frescura que esta jornada europeia tem trazido ao seu cinema e este não é excepção. O argumento é de facto fraquissimo mas o fulgor de estar numa onda de descoberta está bem presente. E Penelope Cruz está perfeita... Oscar para Espanha pff.

Anónimo disse...

Eu gostei do filme. É provocador. Para mim, as relações amorosas que vão sendo desenhadas no filme são como que a criação de quadro onde o W. Allen compõe todos os clichés que, mal ou bem (mal digo eu)subsistem na América vs Europa e vice-versa.
O W. Allen pinta-os a todos durante o filme, ao ponto de os transformar em algo ridículo e absolutamente irrealista.
O filme, para mim, é mais uma comédia do grande mestre. É uma boa obra.