quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Musicar as imagens


A história da música para cinema é recheda de aspectos interessantes. A introdução do som na linguagem fílmica provocou uma revolução. Técnica e estética. Chaplin resistiu 10 anos ao som, visto que era da opinião que este elemento iria matar a essência do cinema: a imagem. Mas a história comprova que não só não matou como enriqueceu sobremaneira a plasticidade das imagens, auferindo-lhe outra dimensão, outra expressividade. Historicamente, a primeira composição original expressamente feita para um filme foi em 1908, pelo compositor Camille Saint-Saens. Por outro lado, grandes compositores falharam na composição de bandas sonoras para cinema, como foi o caso de Stravinsky, Bartók ou Ravel.

O primeiro filme sonorizado com diálogos é “O Cantor de Jazz” (1927) com Al Jolson (actor branco que interpretava um cantor negro), fruto da introdução do Vitaphone, máquina de projecção com disco acoplado desenvolvido a partir do Fonógrafo de Thomas Edison. No início, a música para cinema era meramente funcional, ilustrativa das imagens. Era uma música programática. Eis que em 1939 se dá uma verdadeira ruptura estética: o génio de Walt Disney realiza “Fantasia”, obra que revolucionou a importância da música no cinema com Schubert, Bach, Tchaikovsky. Com este filme a música passou a ser o veículo narrativo primordial.
É curioso constatar as relações que, ao longo de décadas de história do cinema, se estabeleceram entre realizadores e compositores, estabelecendo assim, afinidades artísticas únicas: Nino Rota com Fellini; Prokofiev com Eisenstein; Bernard Hermann com Hitchcock; John Williams com Spielberg; Michael Nyman com Peter Greenaway; Ennio Morricone com Sergio Leone; Howard Shore com David Cronenberg; Danny Elfman com Tim Burton, etc.

Um das mais espantosas bandas sonoras compostas para cinema, é o filme "Cape Fear" (Cabo do Medo), original de J. Lee Thompson em 1962 e alvo de um brilhante remake de Martin Scorsese em 1991. Veja-se (e ouça-se) este brilhante início de filme na versão adaptada de Scorsese com um genérico do genial Saul Bass (trabalhou com Hitchcock): a cada segundo, a música prenuncia a violência e o mal que perpassa por todo o resto do filme. A música é do grande Bernard Herrmann adaptada por Elmer Bernstein. Aqui.

Sem comentários: